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CEI do Mau Cheiro ouve moradores da Região Norte

por Guilherme Machado publicado 06/12/2017 19h55, última modificação 07/12/2017 14h29
CEI do Mau Cheiro ouve moradores da Região Norte

Foto: Marcelo do Vale

As oitivas da Comissão Especial de Inquérito (CEI) do Mau Cheiro começaram na tarde desta quarta-feira, 6, com os depoimentos de quatro moradores da área mais afetada, a Região Norte. Os membros da comissão receberam também o advogado ambiental Roberto Hidasi. A comissão é composta pelos vereadores Cabo Senna (PRP), presidente; Welington Peixoto (PMDB), vice-presidente; Lucas Kitão (PSL), relator; Anselmo Pereira (PSDB), correlator; Delegado Eduardo Prado (PV); GCM Romário Policarpo (PTN); e Jair Diamantino (PSDC). Todos estavam presentes, com exceção de Diamantino, que faltou por motivo de saúde. Também compareceu o presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, Gustavo Cruvinel (PV). 

José Leite da Silva é morador do Goiânia 2 há 20 anos e disse que sente o mau cheiro há 10 e que o mesmo vem aumentado ano após ano. Ele afirmou que o problema começou após a construção da Estação de Tratamento de Esgosto (ETE) da Saneago na região. Disse que o mau cheiro atrapalha o sono “e até o raciocínio”. “Parece que a gente mora dentro de uma fossa”, afirmou. Ele disse que o odor é acentuado principalmente durante a manhã e à tarde após as 17 horas, durando até a madrugada. Afirmou que o problema ocorre o ano todo, mas que fica pior durante o período de estiagem, entre junho e setembro. Ele acredita que o problema não vem somente da ETE, mas também da Cargill. “Nós já fizemos algumas investigações paralelas e concluímos que as duas empresas têm culpa.” 

Lucas Kitão também acredita que as empresas se completam como principais causadoras do problema. “Tem o mau cheiro que é estável, que eu acredito ser da ETE, e o que é acentuado na época de tratamento de tomate pela Cargill, que coincide exatamente com o período seco”, disse o vereador. 

José Leite reclamou também da desvalorização sofrida pelo imóvel, que, segundo ele, foi de 40% ao longo dos últimos anos. Outro morador que citou a desvalorização como uma consequência ruim para os moradores foi Agostinho Pires dos Reis Júnior, que mora no Setor Jaó. A parte baixa do bairro, onde ele vive, é a que sofre mais com o mau cheiro exalado do Rio Meia-Ponte. Para ele, existe a percepção entre os moradores de que o mau cheiro foi piorando ao longo dos anos a medida que a atividade industrial na região foi aumentando, já que muitas indústrias lançam irregularmente esgoto sem tratamento no rio. 

Anne Mary Silva Oliveira, mora no Goiânia 2 e relatou que, em uma ocasião, teve a piscina tomada por manchas escuras de gordura, que ela acredita terem surgido por causa da poluição no ar, já que o mesmo problema surgiu em várias outras casas do bairro na mesma época. Por causa disso, ela acredita que o ar fétido respirado pelos moradores da região é tóxico. O mesmo pensamento é compartilhado por Adriana Garcia Reis Dourado, moradora do Setor Jaó. Os principais sintomas percebidos por quem inspira o mau cheiro, afirmou ela, são ânsia de vômito, insônia, dor de cabeça e olhos lacrimejando. 

O advogado Roberto Hidasi apontou que resíduo encontrado nas piscinas é uma importante prova para um processo criminal ambiental e que, em situações como essa, é importante registrar uma queixa na Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema). 

Outro morador do Goiânia 2, Jurandir Rosa da Silva, contou que ele e outros moradores do bairro criaram um grupo de WhatsApp para monitorar as ocorrências de odor, como intensidade, características, sintomas, horário e localização. Ele se dispôs a fornecer à CEI todo o histórico dos relatos para contribuir como denúncia. 

O vereador GCM Romário Policarpo (PTN) é morador do Crimeia Leste e também sobre com o odor em casa. Ele criticou a Prefeitura por não possuir  o aparelho para medir a quantidade de gases no ar e solicitou a presença de um representante da Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) à CEI para explicar como o órgão está fiscalizando e multando as empresas que causam esse tipo de poluição do ar. 

Sobre a ETE, Anselmo Pereira acredita que o mau cheiro causado por ela pode estar ocorrendo devido a estar operando acima da capacidade para que foi planejada e que é preciso confrontar a carga máxima autorizada pela licença de operação com a realidade praticada pela empresa. O vereador solicitou que, durante o período de funcionamento da CEI, seja realizada uma audiência pública com moradores in loco. Ele sugeriu numa área aberta do Setor Jaó ou do Goiânia 2. 

O presidente da CEI anunciou que representantes das empresas citadas entre outras serão convocadas a comparecer, entre elas estão Saneago, ETE, Cargill, Hypermarcas, Ipê, Assolan, Itambé e Ambev.

(*) Nívia Galdino é estagiária e trabalha sob supervisão de jornalistas