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CEI do Mau Cheiro ouve representantes da Amma

por Guilherme Machado publicado 07/02/2018 20h00, última modificação 08/02/2018 10h17
CEI do Mau Cheiro ouve representantes da Amma

Foto: Marcelo do Vale

A Comissão Especial de Inquérito (CEI) que investiga as causas do mau cheiro sentido na região norte de Goiânia voltou a reunir nesta quarta (7), após as festas de fim de ano e o recesso de janeiro. Hoje começaram as oitivas de pessoas convocadas pelos vereadores membros da CEI. São funcionários, fiscais e presidentes de entidades públicas e privadas que deverão dar maiores esclarecimentos sobre o problema naquela região para que consiga-se identificar e encaminhar aos órgãos de fiscalização e controle, ao Ministério Público e à Justiça as denúncias contra os responsáveis. 

A CEI recebeu hoje dois representantes enviados pela Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma): o gerente de monitoramento ambiental, Gabriel Tenaglia Carneiro, e o técnico Antônio Júnior Gonçalves da Cruz. 

Gabriel disse que a gerência visita a região uma vez por mês em horários aleatórios. No segundo semestre as visitas são mais regulares devido ao período de safra, quando aumenta a atividade de processamento de tomate na Cargill. Deixou claro que as empresas que estão lá, por serem de grande porte, não são licenciadas pela Amma, mas pela Secretaria de Estadual de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (Secima). 

Ele afirmou que a agência foi muito ativa no monitoramento da região desde quando foi criada, em 2008, até 2011. A partir de então, foi sancionada pelo governo federal a Lei Complementar 140, que estabeleceu regras de licenciamento e fiscalização. As empresas que tinham licenciamento sob responsabilidade do estado, passaram a serem fiscalizadas pelo estado. “Nenhuma das empresas localizadas naquela região ficou sob a responsabilidade da Amma. Hoje monitoramos e fazemos um relatório que é encaminhado à Secima, caso ela não responda, a Amma pode iniciar alguma ação. Contudo, desde 2014 a secretaria tem se manifestado sobre os relatórios.” 

“Eu não posso afirmar que uma empresa sozinha é responsável por todo o mau cheiro na região”, disse o gerente, mas confirmou que a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da Saneago e o sistema de tratamento de resíduos industriais da Cargill são os principais causadores. Ele também atribuiu às condições do tempo no meio ano como intensificadoras do problema, quando há o fenômeno da inversão térmica, que retém o ar – e juntamente os gases que causam o mau cheiro – próximo da superfície, e a diminuição do deslocamento de ar durante o outono, o que concentra mais a poluição atmosférica. Outro causador é o lançamento de esgoto sanitário irregular nas galerias pluviais, que desembocam no Rio Meia Ponte. O odor fica mais evidente quando a vazão do rio diminui. 

Gabriel destacou a importância de combater as ligações clandestinas de esgoto que caem no Meia Ponte entre outras medidas. “Se a ETE estivesse com todo o sistema em funcionamento, haveria uma diminuição do odor”. Atualmente, a ETE trata apenas 50% do material orgânico porque, até o momento, foi construído apenas o tratamento primário, faltando ainda o secundário e terciário, em que seria alcançado um índice acima de 90%. 

Quanto à Cargill, explicou que a empresa utiliza um sistema de tratamento aeróbico aberto, afirmando que a Amma já sugeriu a utilização de um sistema fechado, que é usado por uma empresa de processamento de tomates em Nerópolis sem gerar reclamações de vizinhos. “Se tudo isso fosse feito, haveria ter uma diminuição de 80% no odor.” 

Cabo Senna (PRP), que é presidente da CEI, levantou que a Prefeitura leva para a ETE 22 caminhões de chorume do aterro sanitário para ser tratado todos os dias. Sobre isso, o gerente afirmou não ter conhecimento e que não acredita que isso intensifique o mau cheiro. 

Participaram da reunião o vice-presidente da CEI, Welington Peixoto (PMDB), o relator, Lucas Kitão (PSL), e o corelator Anselmo Pereira (PSDB), além dos membros GCM Romário Policarpo (PTC) e Jair Diamantino (PSDC). Estavam presentes também, como convidados, os vereadores Gustavo Cruvinel (PV), que é presidente da Comissão de Meio Ambiente, e Vinicius Cirqueira (Pros), vice-presidente da Câmara. 

A segunda reunião da CEI no ano foi marcada para a próxima quarta-feira (14), às 15h30.