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Detenção de vereador centraliza debates na sessão de hoje da Câmara

por Antônio Ribeiro dos Santos publicado 14/11/2017 12h55, última modificação 14/11/2017 17h56

Por quase duas horas, os vereadores debateram na sessão de hoje (14) a detenção de Vinícius Cirqueira, Pros, na última sexta-feira, 10, por um sargento da Polícia Militar, próximo ao Cepal do Setor Sul. Ele estava acompanhado do colega GCM Romário Policarpo, PTC, e servidores da Câmara Municipal. Ele exibiu vídeos sobre a detenção. 

Em tom emocionado, Cirqueira ocupou a tribuna para dar sua versão sobre os acontecimentos. "Inicialmente, quero dizer que em nenhum momento ofendi ou desacatei o policial. Porém, o delegado me incriminou por desacato de autoridade, resistência, desobediência e lesão corporal". Vários vereadores aproveitaram para cobrar do governador Marconi Perillo e prefeito Iris Rezende um posicionamento sobre o caso. Pediram ao governador, por exemplo, que o policial fosse afastado da corporação.

RELATO

O vereador disse que estava no Cepal do Setor Sul, num oficial da Câmara, e parado num blitz. "Estava saindo de uma reunião no Paço, juntamente com o meu colega Romário Policarpo. Fomos identificados por um soldado e depois de saber que éramos vereadores ele nos liberou. Entretanto, o sargento, de forma agressiva, veio gritando e dizendo os dois neguinhos de olhar vermelho não podem ser liberados. Exigi que ele fizesse vistoria no carro. Ele se ofendeu. Sacou da arma e mandou colocar as mãos na cabeça. Não sabia que eu era vereador. Ou seja, não dei carteirada como ele falou. É mentira. Chegou dar tapas no celular do Romário".

"Na verdade, fui insultado, xingado, agredido e humilhado.Me levou para o Batalhão de Choque onde fui insultado e ameaçado. Sofri bastante, como minha família. Não sou malandro nem desonesto. Sou um cidadão como outro qualquer. Nunca cometi ato ilícito.Felizmente foi apenas a ação de um policial que envergonha a corporação. De farda, ele desrespeita a corporação, por isso deve ser desligado. Quero agradecer as manifestações de apoio e solidariedade que recebi dos colegas, de membros da PM, amigos e familiares".

Ao concluir, ele contou que esteve com o governador e "ele me disse que não conseguia acreditar no que estava vendo. Disse a ele que fui desrespeitado e ofendido como cidadão. Por isso, vou acionar o Ministério Público".

RACISMO

Já Policarpo Romário, da tribuna, centralizou declaração em sua vida pregressa, feita, segundo ele, "de muita dificuldade. Sempre fui vítima do preconceito, desde que nasci. Fui menino de rua, cresci num bairro periférico, estudei para chegar onde cheguei com muita luta e dedicação. Sou negro e com muito orgulho. A realidade brasileira, nesse caso, é triste. Depois de 300 anos de escravidão o racismo está vivo entre nós, inclusive de negro contra negro. Em 2014, por exemplo, apenas 3% dos eleitos eram negros. Dos 35 vereadores, só seis são negros. ".

Ele frisou ainda que "a PM não merece policial despreparado para a função. Quero agradecer a Guarda Civil Metropolitana e da própria PM pelo apoio". Ele foi efusivamente aplaudido pelo plenário durante sua fala

Vários vereadores manifestaram igualmente apoio aos colegas Vinícius e Policarpo. Porém, o vereador Cabo Senna, PRP, defendeu o sargento, dizendo que se trata de um "excelente policial, com mais de 28 anos na Polícia Militar. Temos que apurar os fatos. Mas trata-se de um fato isolado. A Corregedoria deve apurar e se comprovar abuso, aí sim, as medidas disciplinares devem ser tomadas".

A afirmação de Cabo Senna foi contestada pelos vereadores Tatiana Lemos, Clécio Alves, Carlin Café, Policarpo Romário, Jair Diamantino e Wellington Peixoto. "As imagens são claras. Não houve desrespeito ao policial. Este Poder é que foi desrespeitado", frisaram.