Audiência discutiu o preço justo dos combustíveis e gás de cozinha
Foi realizada hoje, 24, audiência pública para tratar do preço do gás de cozinha e dos combustíveis, iniciativa do vereador Mauro Rubem (PT). Participaram representantes dos petroleiros, dos distribuidores e revendedores de combustíveis, usuários de combustíveis e de gás de cozinha.
A reunião começou com a apresentação do representante do Dieese-Subseção dos Petroleiros, Cloviomar Pereira, que apresentou a forma como é feita a composição da gasolina, do diesel e do gás na Petrobrás e seu impacto na vida do cidadão, dos revendedores. Ele informou que a Petrobrás é o 10º maior produtor mundial e o Brasil é o 9º maior consumidor mundial de petróleo.
“A composição leva em conta o preço na refinaria, o custo do etanol ou biodiesel que são adicionados à gasolina e ao diesel, os tributos federais e os estaduais e a margem de lucro e o custo das distribuidoras além do custo e da margem de lucro dos revendedores, os postos”, explicou Cloviomar.
Para exemplificar a questão, o representante da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Wagner de Paula, mostrou uma réplica de um barril de petróleo em que ficou ilustrado como o preço é composto e chega ao consumidor final. “A cada litro produzido, R$ 0,59 vai para os investidores estrangeiros; R$ 0,48 é destinado para o grupo de controle (União e BNDS); os investidores brasileiros recebem R$ 0,27 e o custo verdadeiro da Petrobrás, o que ela recebe é R$ 0,99. Mas na publicidade veiculada nos meios de comunicação, a empresa fala que ganha apenas R$ 2,33 – isso ocorre porque precisa levar em conta o custo de paridade de importação”.
De Paula destacou que o preço justo deveria ser R$ 1,40 divididos da seguinte forma: R$ 0,19 para os investidores estrangeiros; R$ 0,14 para a União e BNDS; R$ 0,08 para os investidores brasileiros e R$ 0,99 para a Petrobrás, totalizando R$ 1,40 que acrescidos dos tributos federais, estaduais, custo do Etanol e biodiesel e as margens de lucro de distribuidores e postos, sairia para a população R$ 3,90.
O presidente do SindiPosto em Goiás, Márcio Andrade, afirmou que “os postos não são os vilões, responsáveis pelos aumentos”. Ele apresentou gráfico em que a margem de lucro dos postos teve redução de março de 2020 a outubro de 2021, mas que na “Petrobrás houve aumento de R$ 1,10 por litro, o que impulsionou aumento do ICMS, por exemplo, que é atrelado a um percentual do valor de revenda”. Ele contou que há u ma grande concentração entre as distribuidoras, sendo que 70% do volume é comercializado por três grandes atacadistas e 30% por distribuidoras pequenas regionais, o que impacta também na elevação de preços final dos combustíveis. Ele defendeu que haja uma política governamental voltada para o consumidor e não direcionada para os acionistas e investidores, especialmente os estrangeiros, o que gera a cotação em dólar do barril de petróleo.
Já o presidente do Sindigás-Centro-Oeste, Zenildo do Vale, tomou a defesa dos consumidores do gás de cozinha e das donas-de-casa, que são os que mais sofrem com o preço do gás, tendo que recorrer a formas primitivas para o preparo das refeições, como fogareiros a lenha, muitas vezes usando produtos inflamáveis que geram insegurança. Ele desabafou que o preço “não vai abaixar, porque nós hoje, neste momento somos o repassador e tem as companhias para engarrafar e tem o governo para vender, aonde que ele vai mexer? e se ele mexer no nosso preço nós vamos sair do mercado e as companhias não tem como fazer os municípios e o governo quer fazer o negócio sem mexer no imposto e sem reduzir o gás na Petrobras. O governo quer tirar a gente do mercado”.
Keitty Barbosa, da Associação das Donas de Casa de Goiás, falou que por mais criativas que sejam as donas de casa, não já como driblar o preço do gás de cozinha e garantir a comida na mesa. Ela contou que a associação tem distribuído cestas básicas para várias famílias que não estão conseguindo sobreviver por conta própria.
Marcelo Conrado, da Associação dos Motoristas de Aplicativos, ressaltou que o segmento de 1,5 milhão de motoristas foi reduzido para 600 mil em todo o país que transportam 30 milhões de pessoas por dia, porque não está compensando mais. “Falta de correção do custo operacional, pois é o mesmo valor pago pela operadora apesar dos aumentos dos combustíveis; também não é paga a distância percorrida até o passageiro, o que, dependendo do local, gera cancelamento do pedido por não compensar. Precisamos de corrigir essas distorções, e buscar alternativa para a questão dos combustíveis”.