Audiência pública com agentes comunitários de saúde tem ponto eletrônico como tema
Na tarde desta terça (5), os vereadores Felisberto Tavares (PR) e Sabrina Garcêz (sem partido) estiveram reunidos com agentes comunitários de saúde em uma audiência pública que lotou o Auditório Jaime Câmara. O principal motivo para o evento é a medida da Prefeitura de Goiânia que obriga os agentes de registrar as entradas e saídas do trabalho, de forma eletrônica, quatro vezes ao dia: início e fim do dia, além da ida e volta do almoço.
Com isso, os agentes, que trabalham de casa em casa pelos bairros realizando atividades de prevenção de doenças e promoção da saúde, têm de se deslocar até um local para registrar o ponto durante o período de trabalho. O problema é que a maioria se desloca a pé e, muitas vezes, as residências dos agentes não são próximas dos locais de registro do ponto.
“Vocês são trabalhadores de rua. A população goianiense necessita de vocês nas casas delas e não perdendo tempo andando para bater ponto”, disse Felisberto. Ele criticou a ausência de todos os órgãos e entidades convidados: Centro de Apoio Operacional (CAO) da Saúde, do Ministério Público estadual, Tribunal de Contas do Município, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Secretaria Municipal de Saúde. “Lamento muito especialmente a ausência do pessoal da secretaria. Eu queria ouvir deles se não teria outra forma de mensurar e de atestar o trabalho de vocês. Queria ouvir também qual é o objetivo de fazerem essa exigência. Infelizmente, preferem fugir do debate.”
Sabrina conversou com representantes da Secretaria Municipal de Saúde e ouviu uma justificativa para a exigência do ponto. “Eles alegaram que não tinham comprovação de que vocês estariam conseguindo cadastrar as pessoas e famílias visitadas no sistema”, afirmou a vereadora. “O ponto eletrônico não vai melhorar essa questão da alimentação da rede. Não vai fazer com que os agentes cadastrem mais pessoas, pelo contrário, vão visitar menos. O que vai fazer vocês cadastrarem mais pessoas é melhorar as condições de trabalho. É colocar computadores nas unidades de saúde para os agentes alimentarem a rede. Qualquer meta só pode ser estipulada desde que vocês tenham computadores para fazer o serviço e não precisem mais pagar lan house e internet de casa para conseguir alimentar o sistema do Ministério da Saúde.”
O presidente do Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde e de Combate às Endemias do Estado de Goiás, (Sindacse-GO), Paulo Brito, relatou o caso de agentes que precisam andar do Parque Santa Rita até o Residencial Santa Fé, ambos na região sudoeste da capital, para bater ponto, percorrendo mais de quatro quilômetros. “Essa rotina está levando os agentes à exaustão, à fadiga e ao cansaço físico e mental. Já reunimos quatro vezes com a secretária Fátima Mrue e com o prefeito Iris Rezende, mas eles são irredutíveis na negociação. Pra isso queríamos essa audiência: tentar dialogar com eles, mas eles não querem”, disse.