Audiência pública debate educação durante a pandemia da Covid-19
Os vereadores Mauro Rubem (PT) e Aava Santiago (PSDB) realizaram na manhã desta sexta-feira (25) uma audiência pública virtual para discutir a situação da educação durante a pandemia da Covid-19, que já impactou a vida de 1,5 bilhão de estudantes em 188 países, o que representada cerca de 91% do total de estudantes do mundo, segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) apresentados por Mauro Rubem.
Segundo ele, a mudança abrupta na forma de ensinar, com a adoção dos meios de comunicação eletrônicos como ferramentas obrigatórias de trabalho para os profissionais de educação, provocou sobrecarga de trabalho e preocupação, principalmente dos que trabalham na rede pública, de manter os alunos vinculados à escola devido às limitações no acesso à Internet. “A maioria das escolas não contavam com o suporte necessário para o oferecimento de ensino remoto. Do dia para a noite elas precisaram encontrar maneiras de se adaptar às tecnologias, que não são tão novas assim”, completou.
Aava Santiago, que é presidente da Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia da Câmara, criticou o atraso na compra de vacinas e como isso está refletindo na vida dos profissionais, que, segundo ela, estão tendo de trabalhar mais do que antes da pandemia. “Uma das minhas lutas, agora como vereadora, é não permitir que os trabalhadores da educação, já tão exaustos e adoecidos, sejam penalizados pela negligência do governo federal na condução da pandemia”, disse a vereadora.
O deputado federal Rubens Otoni (PT) participou da audiência destacando que o Plano Nacional de Educação, elaborado em 2014, ainda não alcançou a maioria das metas estipuladas até 2024, de acordo com um levantamento feito por entidades com dados até o início da pandemia. “Esse levantamento mostra que estamos regredindo em muitos nos indicadores da área da educação. O impacto da pandemia piorou ainda mais a situação”, alertou.
A professora Bia de Lima, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Em Educação de Goiás (Sintego) e presidente da Central Única dos Trabalhadores de Goiás (CUT-GO), disse que a manutenção da suspensão das aulas presenciais na rede pública foi fruto do trabalho de diálogo do sindicato com as administrações municipal e estadual. “Com isso, evitamos a morte de mais trabalhadores porque até o momento já perdemos muitos e importantes profissionais.”
Já o presidente do Sindicato dos Professores do Estado de Goiás (Sinpro), Railton Nascimento, que representa os profissionais da educação privada, relatou que a pandemia fez com que professores trabalhassem praticamente sem descanso, tendo que atender alunos ao longo de todo o dia virtualmente. Eles também tiveram gastos extras com a compra de equipamentos sem a ajuda financeira das instituições.
Railton também fez críticas ao relaxamento das medidas de prevenção à transmissão do coronavírus, com a permissão de 30% dos alunos frequentarem às aulas presencialmente e, mais recentemente, à flexibilização ainda maior, permitida este mês pela Prefeitura, com a presença de 50% da capacidade de alunos nas salas de aula. “Num momento em que o Brasil marcou mais de meio milhão de mortos pela Covid-19 e em que os profissionais da educação tomaram, na sua maioria, apenas a primeira dose da vacina, nós vemos o prefeito de Goiânia publicar um decreto com o aumento do percentual de estudantes nas escolas. Tudo isso por pressão do mercado, da sociedade e dos pagantes das mensalidades, o que fez com que as aulas presenciais voltassem só no setor privado de ensino”, denunciou Railton.
O coordenador geral do Sindicato Municipal da Educação em Goiânia (Simsed), Antônio Gonçalves, criticou a aprovação, em primeira votação na Câmara, do projeto de lei que estende os contratos temporários dos professores da rede municipal em até cinco anos. “Nós defendemos a realização de concurso público”, disse Antônio acrescentando que o estado também age da mesma forma anunciando a contratação de mais de 13 mil professores por processo seletivo. “São contratos precarizados que não cumprem o piso nacional da educação. Infelizmente, estamos vivendo um momento de retrocesso em que estão aproveitando do momento da pandemia para retirar direitos conquistados”, lamentou.