Audiência pública discute fechamento de escolas para jovens e adultos em Goiânia
Por iniciativa do vereador Mauro Rubem (PT), a Câmara Municipal de Goiânia promoveu audiência pública nesta quinta-feira, 9, para discutir o fechamento de turmas e escolas de Educação para Jovens e Adultos (EJA) na capital. Com a presença de estudantes, professores, Conselho Municipal de Educação, Fórum Municipal de Educação para Jovens e Adultos, Conselho de Diretores das Escolas Municipais, CMEIS e CEIS de Goiânia (Condir) e da Gerência EJA da Secretaria Municipal de Educação, o debate destacou a importância da manutenção das turmas e do incentivo ao aumento do número de alunos na modalidade de ensino, fundamental para garantir a cidadania da população. Lucas Avelar, do Fórum Municipal de Educação para Jovens e Adultos, cobrou da Prefeitura de Goiânia as chamadas públicas para o EJA e o recenseamento dos alunos, previstos em lei, mas que não teriam sido respeitados pelo município.
Segundo Lucas, os alunos das cinco turmas que serão fechadas terão dificuldades com o remanejamento previsto pela Secretaria Municipal de Educação (SME), já que as novas escolas ficam longe de suas casas, o que pode significar abandono dos estudos. “Goiânia é a única capital que, de 2012 a 2021, não teve progressão no número de alunos do EJA. Dados do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios) de 2019 mostram pouco mais de 5 mil matrículas”, afirmou. Lucas lembrou que os alunos do EJA são a parcela da população que mais sofre com a pandemia e a fome. “Essa reorganização da Prefeitura é de natureza política, insensível e ainda prejudica a realização de políticas públicas”, defendeu.
A professora Rita de Cássia Baleeiro questionou a decisão da Prefeitura de Goiânia de retirar as turmas do EJA de escolas que oferecem ensino de tempo integral. De acordo com ela, é possível manter as duas coisas, o que vinha ocorrendo com sucesso na Escola Municipal Abrão Rassi. “Se a tendência é que todas as escolas sejam de tempo integral, como ficará o EJA?”, perguntou. O vice-presidente do Conselho de Diretores da Rede Municipal de Ensino (Condir), Diego Alves, também se apresentou contra o fechamento das turmas. Para ele, as decisões deveriam ser tomadas de forma humanitária, respeitando o direito dos cidadãos, o direito à educação que já havia sido negado a essa parcela da população. “Nós defendemos a criação de políticas públicas que determinem as diretrizes do funcionamento do EJA.”
O representante da Gerência EJA da SME, César Duazeti, afirmou que não existe uma política de fechamento de salas e turmas. Segundo ele, a ideia é aumentar o número de alunos e fortalecer a modalidade de ensino. “Não houve fechamento, mas remanejamento de professores e estudantes. A rede decidiu que escolas de tempo integral não mais ofereceriam turmas de EJA, para garantir qualidade de ensino aos alunos, já que a escola de tempo integral dedica muita atenção e logística para as crianças.”
O vereador Mauro Rubem expressou insatisfação com as explicações da gerência e solicitou reunião com o secretário municipal de Educação. “A secretaria só quer reduzir gastos onde não deve. A administração pública não respeita a população. São só 54 salas em Goiânia e ainda querem fechar? Já foram 200 turmas no início do século. É obrigação da prefeitura oferecer escolas perto das pessoas. Não é favor. Pagamos impostos caros para isso”, criticou Mauro Rubem. “Não é remanejamento. É fechar salas sim. E isso é fechar o futuro de muitas pessoas.” A reunião com o secretário está prevista para a próxima terça-feira, 14.