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Audiência discute prevenção ao suicídio na programação do Setembro Amarelo

por Guilherme Machado publicado 15/09/2016 18h55, última modificação 19/09/2016 08h03

O vereador Felisberto Tavares (PR) debateu durante uma audiência pública na tarde de hoje (15) sobre o suicídio e como preveni-lo. O evento faz parte da programação do Setembro Amarelo, que ocorre ao longo deste mês em Goiânia com o objetivo de falar sobre esse assunto que ainda é considerado um tabu para a sociedade. 

“O suicídio é uma atitude tipicamente humana, mas é cercada de preconceitos que impedem a discussão entre as pessoas”, disse Jesus José de Oliveira, fundador do Centro de Valorização da Vida (CVV) em Goiânia. “Falar sobre o suicídio é a porta de saída para esse problema. Essa saída nem é tão complexa se comparada com a solução para outros problemas de saúde bem mais difíceis de tratar.” 

O CVV foi criado em 1962, em São Paulo, e fundado em Goiânia em 1979. Em todo Brasil, o CVV realiza cerca de um milhão de atendimentos por telefone, Internet e presencialmente. Jesus explicou que a entidade é filantrópica, sem fins lucrativos e que sobrevive sem recursos públicos, já que todos os colaboradores são voluntários que trabalham quatro horas em apenas um dia da semana atendendo ligações de quem precise apenas de alguém para ouvir seus problemas ou angústias. 

“A missão do CVV é treinar pessoas para ouvir sem diagnosticar ou julgar e fazer isso com amabilidade e respeito para trazer alívio e fortalecimento a quem esteja num momento difícil”, disse Jesus. Ele explicou que, com isso, a pessoa que liga pode refletir com mais calma e serenidade sobre seus problemas antes de tentar cometer algum ato de violência contra si própria. 

A cor escolhida para a campanha anual, sempre realizada em setembro, de conscientização para a prevenção do suicídio é a amarela. O voluntário do CVV João Torres sugeriu que todo mês de setembro edifícios municipais e monumentos da cidade sejam iluminados com a cor amarela, em referência ao Setembro Amarelo. “Esta pode ser uma iniciativa aparentemente muito simples, mas que surte um efeito positivo, pois as pessoas observam a iluminação, se questionam o porquê da cor e pesquisam sobre isso, começando assim o debate”, afirmou ele. O Poder Público já vem adotando medidas semelhantes em outras campanhas, como o Outubro Rosa, de prevenção ao câncer de mama, e o Novembro Azul, de prevenção ao câncer de próstata. 

Felisberto Tavares prometeu apresentar um projeto de lei para atender ao pedido e disse que todas as sugestões dadas durante a audiência serão encaminhadas por meio de um documento oficial aos órgãos municipais e entidades competentes. 

No mundo todo, uma pessoa suicida a cada 40 segundos, o que resulta em mais de 800 mil mortes por ano. O suicídio já é a segunda causa de morte entre os jovens. No Brasil, as taxas de suicídio aumentaram em 30% entre 1980 e 2006, só no ano passado foram 12 mil casos. Goiânia ocupa a sexta posição no ranking de casos de suicídios em cidades brasileiras, Porto Alegre está em primeiro lugar. 

As taxas de suicídio são mais elevadas em grupos vulneráveis que sofrem discriminação, como refugiados e migrantes; indígenas; lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e intersexuais (LGBTI); e pessoas privadas de liberdade. Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que o fator de risco mais relevante para o suicídio é existência de uma tentativa anterior. 

“Nós precisamos muito de medidas de saúde pública e ações do Poder Público como estratégias para prevenir o suicídio”, disse a coordenadora do Setembro Amarelo em Goiânia, Célia Vieira. Ela sugeriu maior controle sobre a venda e uso de armas, assim como de substâncias tóxicas, itens comumente utilizados por quem tira a própria vida; tratamento adequado para doentes mentais, pois 90% dos casos de suicídio estão ligados a elas; melhor treinamento das equipes de saúde nos postos de saúde para identificar indicativos de suicídio e preveni-los; treinamento de educadores para também identificar e prevenir; orientação às famílias com pessoas com ideação de suicídio para que saibam fazer o controle de acesso adequado a itens decasa que possam ser usados num suicídio; e incentivar igrejas e organizações sociais para o trabalho cooperativo junto com a Rede Goiana de Estudos de Prevenção ao Suicídio, que em breve será formada, de acordo com a coordenadora. 

Consuelo Giulardi é psicóloga no Cais Novo Mundo. Segundo ela, as políticas públicas para prevenção do suicídio em Goiânia precisam ser ampliadas e fortalecidas. Ela defendeu a formação de uma rede entre as instituições de apoio àqueles que já tentaram suicídio. Na maioria das vezes, eles ficam desamparados após o atendimento porque não há interligação entre os diversos órgãos, instituições ou entidades que atendem os casos. Dessa forma, essas pessoas ficam suscetíveis a tentar novamente se matar.

A programação completa do Setembro Amarelo em Goiânia pode ser confira neste link do site da Universidade Federal de Goiás, umas das parceiras do evento.