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Audiência pública discute privatização do Eixo Anhanguera

por Guilherme Machado publicado 21/03/2019 18h50, última modificação 22/03/2019 10h30
Audiência pública discute privatização do Eixo Anhanguera

Foto: Marcelo do Vale

O vereador Denício Trindade (SDD) promoveu audiência pública na tarde desta quinta-feira (21) para discutir a privatização do Eixo Anhanguera, maior e principal linha de ônibus da capital. Ela compreende toda a Avenida Anhanguera, a mais extensa via da cidade, cortando-a de leste a oeste, e atende os municípios de Senador Canedo, Trindade e Goianira, com as extensões implementadas pelo governo do estado, operador da concessão por meio da Metrobus. 

O presidente da empresa, Paulo César Reis, afirmou que a frota de ônibus do Eixo não é velha, tem entre quatro e oito anos. Contudo, quando assumiu a presidência no início do ano, estava operando com número abaixo do ideal. Hoje estão nas ruas 103 ônibus, contra 92 de quando entrou, mas disse que a quantidade chegará a 110. Outro problema, segundo ele, é a manutenção “extremamente deficiente”. “Nós estamos buscando os recursos para que a rota possa rodar em boas condições. Os ônibus estavam sujos, fizemos lavagem e polindo todos eles. Posso dizer que já houve uma melhora tanto na questão de manutenção mecânica quanto visual”, explicou ele. 

Sobre privatizar a empresa, afirmou que “é uma resposta difícil porque é uma questão governamental”. “Pra resolver a questão do transporte, tem que pensá-lo num todo. Será que só privatizar a Metrobus vai resolver? Hoje o problema está mais na infraestrutura do que nos ônibus. É um investimento grande que envolve prefeituras, estado e empresas privadas.” 

Apesar da afirmação, Paulo disse que, na próxima terça (26), haverá uma reunião entre técnicos do estado e da prefeitura para tratar, segundo ele, da “transição” para uma futura privatização. “Mudanças profundas” precisariam ser feitas, como a possível volta da operação somente em Goiânia, “para ficar mais atrativo para a iniciativa privada”. 

Já o diretor técnico da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), Benjamin Kennedy, apontou que a Metrobus sofreu com as más decisões tomadas pelos gestores da empresa. “Em 2004, o Eixo Anhanguera transportava cerca de dois milhões de passageiros. Numa medida populista feita pelo governador à época, a passagem foi abaixada em 75% e, com isso, passou a transportar mais de cinco milhões de pessoas, mas mantendo a mesma frota. Ou seja, a demanda mais que dobrou, mas a capacidade de atendimento permaneceu a mesma.” 

Contudo, a situação se agravou a partir de 2014. “O Eixo, que tinha o melhor índice de passageiros por quilômetro (IPK) do Brasil, transitando em 13,5 quilômetros, passou a operar em quase 75 quilômetros, quando foi adicionada a extensão para três municípios, mas mantendo a mesma demanda. Isso causou um desequilíbrio econômico-financeiro à empresa”, explicou. 

Benjamin avaliou que a privatização é uma questão política. “A CMTC entende que, caso seja feita a devolução da concessão, teremos que fazer uma contratação emergencial para operar a linha até que um processo licitatório seja finalizado ou a própria Metrobus poderá operar até a conclusão da licitação”, explicou 

A Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos (AGR), que tem participação nas decisões sobre o transporte público da Região Metropolitana por meio da Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC), teve como representante durante a audiência Milton Pires. Ele afirmou que o governador Ronaldo Caiado já deixou claro que quer privatizar a Metrobus. “Eu concordo com ele como técnico. O governo não tem que lidar com operação de ônibus porque o setor público é moroso. Para comprar peça, tem que fazer licitação. Isso a empresa privada faz muito melhor. O estado tem que ficar só na parte de regulação e fiscalização.” 

Como vice-presidente da Comissão Especial de Inquérito (CEI) do Transporte Coletivo, em 2017, o vereador Doutor Paulo Daher (DEM) observou que a empresa foi usada, ao longo dos últimos anos, como instrumento para fazer política, não dando à população um atendimento com qualidade. “Como uma empresa que opera uma rota praticamente em linha reta, desenvolvendo boa velocidade e transportando cerca de 200 mil viagens por dia pode estar dando prejuízo?”, indagou. 

Por fim, o ex-presidente da Câmara, vereador Andrey Azeredo (MDB) afirmou ser a favor de a Prefeitura reassumir a linha de imediato e, em seguida, abrir uma nova licitação. “Que, quem venha assumir, tenha capacidade de investimento e os compromissos assumidos honrados para dar qualidade, conforto, eficiência e pontualidade ao usuário. Não podemos ficar diante do cenário presente somente olhando e jogando a responsabilidade para o passado, sem fazer nada. Gostaríamos muito que o estado tivesse, hoje, capacidade de investimento, mas não tem. Então, deve-se realizar ações imediatas para por um ponto final na situação que está e avançarmos para um transporte de qualidade a todos.”