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Audiência pública reforça união de artistas em defesa do título de Capital da Diversidade Musical para Goiânia

por Da Redação publicado 17/11/2021 22h58, última modificação 17/11/2021 22h59
Audiência pública reforça união de artistas em defesa do título de Capital da Diversidade Musical para Goiânia

Foto: TV Câmara

Compreender e reconhecer a música feita e ouvida em Goiânia – e apreciada pelos goianienses – para muito além de um único estilo, ritmo ou gênero. Somar esforços na busca por investimentos; no fomento de políticas públicas que mantenham viva a diversidade musical que pulsa na cidade, em shows, festas, bares, restaurantes, festivais, parques e outros espaços públicos de lazer. E privilegiar o que cada artista, a partir do seu trabalho, dentro do seu universo sonoro, tem a contribuir para o patrimônio cultural da capital, em 88 anos de história.

Em linhas gerais, esses foram os principais pontos tratados na tarde desta quarta-feira, 17, na Câmara de Goiânia, durante a Audiência Pública que discutiu o projeto de lei 514/2021, de autoria do vereador Marlon Teixeira (Cidadania), que propõe a concessão do título de Capital da Diversidade Musical para Goiânia. Além de Marlon, estiveram presentes ao evento a vereadora Aava Santiago (PSDB); o vereador Paulo Henrique da Fármácia (PTC); o secretário Municipal de Cultura, Zander Fábio; e o deputado estadual Virmondes Cruvinel (Cidadania).

Marcaram presença na Audiência Pública músicos, compositores, produtores culturais, educadores e representantes de entidades de classe da área cultural. Apresentações artísticas dos músicos Darwinson, Gomes, Itamar Correia, Laércio Correntina, Thayná Janaína e Walter Mustafé entremearam as falas durante o debate. Um abaixo-assinado foi encaminhado em listas e grupos de discussão em favor do título Goiânia Capital da Diversidade Musical.

Múltipla e plural

“Goiânia respira música. Temos, aqui, importantes festivais, de reconhecimento internacional, e, mesmo dentro deles, podemos observar que há uma enorme diversidade de estilo”, destacou o vereador Marlon Teixeira, ao abrir a Audiência Pública. “Algumas das principais referências do sertanejo estão aqui, artistas e produtores, não há como negar. Mas Goiânia não é só sertanejo. E é disso que estamos falando”, acrescentou, lembrando ser, ele, músico e, também, apreciador do gênero sertanejo.

Para a vereadora Aava Santiago, a discussão precisa ser, de fato, mais ampla. “Não é sobre gostos pessoais, é sobre algo maior. Essa multiplicidade, essa pluralidade deve ser compreendida para além do Legislativo e das nossas preferências. Goiânia é Martim Cererê, é Pecuária, é Chorinho; é um dia Mutantes, no outro Jorge e Mateus, depois orquestra no Vaca Brava. Goiânia é isso, não podemos apequená-la”, sustentou.

Parceiro do vereador Marlon Teixeira em várias iniciativas na área da Cultura, o deputado Virmondes Cruvinel assinalou a importância de ver presente, na Audiência Pública desta quarta-feira, o secretário municipal Zander Fábio. “Já vimos a ausência da Prefeitura nessas discussões em outros momentos. Hoje, essa presença, aqui, demonstra que há um outro olhar para a Cultura”, afirmou. Virmondes ressaltou conquistas conjuntas com Marlon com a Lei Aldir Blanc e na luta pela vacinação contra a Covid-19, que possibilitou a retomada econômica e a flexibilização, favorecendo o setor cultural. E pontuou: “Contem conosco, na Assembleia, para, juntos, levarmos bons projetos na área da Cultura a outras Câmaras, a outras Prefeituras”.

Zander Fábio, secretário municipal de Cultural, parabenizou o vereador Marlon Teixeira pela iniciativa e sublinhou que, apesar de ser cantor sertanejo, defende a diversidade musical. “Tornamos patrimônio imaterial da nossa cidade a MPB; estamos para fazer isso com relação às quadrilhas; não terei problema em fazer o mesmo com relação ao sertanejo ou outro gênero, assim como fizemos com os pit dogs. Trata-se da história cultural de Goiânia”, declarou. Zander recordou as dificuldades enfrentadas na área da Cultura por causa pandemia até hoje; apontou conquistas, como os editais abertos atualmente; revelou que ainda há muito porque lutar.

“Estamos numa cruzada em busca de recursos. Peço aos vereadores que nos ajudem com emendas impositivas. Perdemos artistas para a doença, para outras profissões e, principalmente, para a fome e para a depressão. Estamos debruçados para que o Fundo de Amparo à Cultura seja usado nesse sentido, realmente de amparo”, pediu o secretário.

União

Na estrada há cerca de quatro décadas, o baterista, compositor, arranjador e intérprete Moka Nascimento, frisou não haver qualquer tipo de preconceito com relação ao sertanejo ao defender, para Goiânia, o título de Capital da Diversidade Musical. “Acredito que seja, realmente, o que melhor nos representa. Eu também não concordaria se quisessem transformar a cidade em Goiânia Rock City, por exemplo”, argumentou.

Thayná Janaína, de origem baiana, representa bem o quão diversa pode ser a musicalidade na capital. A compositora e cantora de axé e de sambas afro tem graduação em Música (e também em Arqueologia); formação técnica em Violão Popular; foi professora de canto coral; e, como integrante de grupo de Choro, tocou cavaquinho. Thayná tem a própria origem negra como tema principal de suas composições, como a música Faraó Divindade do Egito, do álbum Raízes de uma Negra, que ela apresentou ao vivo no Plenário da Câmara, durante a Audiência Pública.

Gyovana Carneiro e Ana Flávia Frazão, professoras da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás (UFG), atuam como produtoras culturais desenvolvendo projetos que inserem Goiânia no circuito cultural nacional, com a realização de séries regulares de concertos. “Estamos aqui e queremos lutar junto. Somos realmente diversidade”, destacou Gyovana. Ela lembrou que o festival da Escola de Música – chamado de Música Erudita – é um dos mais antigos em Goiás. “Goiânia não é só de um segmento. Temos de dar as mãos e lutarmos, juntos, para sermos reconhecidos, para mostramos o quão grande somos”.

“Sempre lutamos por essa diversidade, que é uma característica forte em Goiânia. E o que é o sertanejo, hoje, se não uma mistura de ritmos?”, ponderou Marrom Fernandes, cantor e produtor cultural, remanescente, ao lado da colega Marli Prates, do famoso Zero Bar, da década de 1980. “O que estamos defendendo, aqui, é o Sim a outros tantos estilos e ritmos, inclusive o sertanejo; queremos fomentar algo que é efervescente em nossa cidade”, completou.

Premiado internacionalmente e autor de canção que já integrou trilha sonora de novela, o músico Gomes lembrou a importância do diálogo nesse tipo de questão. Para ele, não se trata da concessão de um mero título: “Somos trabalhadores que precisamos do apoio do setor público. Transformar Goiânia em capital da Música Sertaneja, apenas, vai beneficiar muito mais empresários do ramo do que a cena musical da cidade realmente. Os vereadores estão aqui representando o interesse do povo goianiense, de fato?”, questionou, referindo-se ao projeto de lei 228/2021, em tramitação na Casa.

O cantor, compositor e produtor musical Darwinson sustentou que é preciso, acima de tudo, pensar a história e a essência do lugar. “Aqui sempre teve diversidade. Goiânia tem choro, MPB, jazz, rock, blues. Estamos lidando com uma indústria cultural dando ordens para Goiás”, criticou, referindo-se ao segmento sertanejo. “Talvez pudéssemos estar lutando por coisas mais proativas, como trabalho e fomento para a Cultura, no entanto estamos aqui para discutir um título. Fomos forjados na luta. Quem senta aqui, estão vereadores; nós somos músicos. Essa é a nossa grande diferença”, acrescentou o músico Roberto Célio Pereira da Silva, o Xexéu.

“Eu venho do rock. E o próprio rock tem muito essa coisa de segregar. Hoje não vejo como não enxergar a música do ponto de vista da diversidade”, ressaltou o músico e produtor cultural João Lucas, responsável pela organização do Vaca Amarela, um dos festivais mais conhecidos da cena musical goianiense. De acordo com ele, muito do sertanejo, atualmente, bebe na fonte do pop. E um dos maiores festivais do gênero, o Villa Mix, pelo próprio nome, “já pretende misturar”, e vem inovando em suas atrações, somando estrelas de diferentes estilos ao elenco sertanejo. “Nós, no Vaca Amarela, já trouxemos Pablo Vittar, e os roqueiros quiseram nos matar. Mas a atitude da Pablo é rock’n’roll. Diversidade é isso. Não temos que segregar, sermos contra este ou aquele estilo; temos que somar”, arrematou.

Texto da assessoria de comunicação do vereador Marlon Teixeira