Câmara discute impacto da Usina Xavantes na qualidade de vida de moradores da região norte
A Câmara Municipal de Goiânia promoveu audiência pública nesta quarta-feira, 28, por meio dos vereadores Mauro Rubem (PT) e Geverson Abel (Avante), para debater a Usina Termoelétrica Xavantes e os danos causados por ela ao meio ambiente e à comunidade da região norte da capital. Pedro Cruz, morador de bairro vizinho à usina, declarou que a poluição sonora ocorre 24 horas por dia, incluindo finais de semana e feriados. Segundo ele, parte dos moradores já desenvolve doenças devido ao problema. “E olha que já melhorou muito. Em 2008, quando a usina se instalou no local, o barulho era muito pior, era ensurdecedor, insuportável”, destacou. Além da poluição sonora, Pedro Cruz apontou o cheiro forte de óleo, a poluição do solo, danos na estrutura das casas e a desvalorização dos imóveis como resultados do funcionamento da usina.
O promotor de Justiça Juliano de Barros Araújo, responsável por ação movida contra a usina em 2014, afirmou que não há mais possibilidade de negociação. “Empresas como essa não deveriam existir. Não se preocupam com a comunidade. Esperamos a responsabilização criminal da usina.” De acordo com o promotor, a empresa teve sete anos para se adequar e minimizar os danos à população, mas não o fez, causando problemas à saúde dos moradores, como irritabilidade, hipertensão, falta de sono e outros problemas psicológicos. Ainda segundo Juliano, a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) já esteve no local diversas vezes, após denúncias dos moradores, e confirmou o excesso de barulho. Autos de infração emitidos somam mais de R$ 2,1 milhões.
O diretor da Usina Termoelétrica Xavantes, João Mattos, compareceu à audiência pública e disse que a empresa tem feito o possível para diminuir a poluição sonora. As últimas medições, de acordo com ele, foram de pouco mais de 50 decibéis. “Em novembro, instalaremos 50 abafadores, que devem reduzir ainda mais o barulho. Foi um investimento de R$ 2,5 milhões. Então, não é verdade que a empresa não se preocupa com o bem-estar da comunidade. Nas próximas semanas, inclusive, montaremos um espaço de atendimento aos moradores, para esclarecer dúvidas e receber reclamações e sugestões”, afirmou, na tribuna da Câmara.
Questionado pelos moradores e pelo vereador Mauro Rubem se a empresa tem previsão de deixar a região, João Mattos evitou responder, dizendo que a ideia é abrir espaço para o debate e solucionar os problemas. “O não funcionamento da usina é uma medida drástica e que não será positiva para a sociedade”, concluiu. Atualmente, a Xavantes gera 54,7 MWh, o suficiente para abastecer 350 mil casas.