Câmara Municipal e TCM promovem evento contra o assédio no trabalho
“Desejamos motivar uma mudança de comportamento, no coração e na mente de todos, uma nova cultura que garanta, de fato, o respeito aos direitos e à integridade das pessoas por uma sociedade fraterna, justa e com mais possibilidades”, afirmou o presidente da Câmara Municipal de Goiânia, vereador Andrey Azeredo (MDB), na manhã desta segunda-feira, 3, antes da palestra “Todos Juntos Contra o Assédio” realizada em parceria com o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM - GO).
O evento foi realizado durante toda a manhã na sede do Legislativo Municipal, no auditório Jaime Câmara, e reuniu centenas de servidores das duas instituições com o objetivo de conscientizar as pessoas e combater e prevenir o assédio moral, sexual e intelectual no ambiente de trabalho. A cerimônia encerrou a mobilização sobre o tema na Câmara, iniciada no início do mês, com a palestra da professora da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e doutora em Psicologia Social Kátia Barbosa Macedo.
Também estiveram presentes o presidente do TCM, conselheiro Joaquim de Castro, o procurador do Ministério Público de Contas junto ao Tribunal, Henrique Pandim, o corregedor-geral do TCM, Francisco José Ramos, e a consultora de Atendimentos do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), Renata de Paula Alves.
Ambiente produtivo saudável
A cerimônia foi aberta com o Hino Nacional Brasileiro interpretado pelo Coral Encantos de Goiás, do TCM, sob a regência do maestro Lecy José Maria e com a participação da pianista Ângela Cristina Coelho. Logo depois, Andrey Azeredo discursou enfatizando: “Queremos orientar a todos, não apenas as mulheres, da importância de se prevenir o assédio nas suas mais variadas formas garantindo um ambiente saudável de trabalho que gere mais produtividade para a sociedade.”
O presidente destacou que “há 11 meses atrás, quando assumi a Presidência da Câmara, iniciamos algumas ações visando garantir, de forma muito clara e consciente, os direitos das mulheres. Lançamos nesta Casa a campanha “Não Vai Ter Psiu!”, que cresceu e hoje tem parcerias com várias instituições de ensino. Tudo focado no ser humano, na valorização e na importância de se respeitar a todos.” Ele ainda lembrou que conheceu, há pouco mais de um mês, através das redes sociais, o projeto do TCM “Todos Contra o Assédio”, e que de imediato pediu aos diretores da Câmara que marcassem uma visita ao presidente do Tribunal para trazer o projeto para o Legislativo.
Respeito mútuo
“Tudo isso para tenhamos, cada vez mais, o respeito ao ser humano e à individualidade garantindo a todos um ambiente de trabalho saudável, sem perseguições, sem importunações desmedidas e que geram constrangimento e tiram o foco dos trabalhadores daquilo que querem e devem fazer, que é um bom trabalho para a sociedade”, argumentou Andrey. Ele destacou, ainda, que as mulheres são as principais vítimas de assédios, embora estes atinjam também os homens. “Temos que avançar norteados pelo respeito mútuo e sem a força da hierarquia para nos subjugar”, ponderou.
Finalizando, Andrey Azeredo declarou que “fico muito feliz de poder gerar essa oportunidade na Câmara, não só aos qualificados servidores do TCM, mas, de forma muito especial, aos servidores desta Casa. Vamos dar o exemplo e lutar para que tenhamos, em todo o Estado, ambientes de trabalho saudáveis com a garantia de que as normas e os direitos estabelecidos na Constituição sejam de fato respeitados e sempre observados por todos.”
Diálogo institucional amplo
O presidente do TCM, Joaquim de Castro, agradeceu a Andrey pela iniciativa da parceria, enalteceu o propósito do evento e elogiou a proximidade e o diálogo entre duas instituições públicas importantes como o Tribunal e a Câmara. Ele frisou que o ano de 2018 foi de “muitas dificuldades, mas também colhemos bons frutos”, e conclamou a união de forças no Estado e no País para que 2019, com os novos governos, seja melhor: “Temos que dar as mãos.”
Empatia contra a exclusão
Ponto alto do evento, a palestra da dra. Kátia Barbosa Macedo destacou o respeito e a empatia como fundamentais para as relações humanas, inclusive no ambiente profissional. “Como é bom quando fazemos parte de um grupo, sendo acolhidos e reconhecidos. E como dói quando nos sentimos isolados, excluídos, e que as pessoas não gostam da gente. Esse é um dos princípios do assédio moral: exclusão e isolamento.” Nesse sentido, ela fez uma comparação com um dos mais graves desafios da atualidade: a crise dos refugiados em todo o planeta. “Temos 65 milhões de refugiados, e, destes, quase 60% são crianças e adolescentes à deriva, totalmente desamparados”, lamentou.
Medo do desemprego
Dentre outros aspectos, a professora também indicou o temor do desemprego como terreno fértil para que ocorram assédios: “Hoje temos no País cerca de 10 mil demissões por dia, 7 por minuto, e isso apenas no mercado formal”, e ressaltou a competitividade e o individualismo nocivos em equipes que deviam trabalhar com cooperação: “Pessoas que convivem com o medo do desemprego às vezes se submetem a situações de sofrimento e risco para manter seus cargos, e aí muitas são vítimas de assédio moral, às vezes sexual, outras tantas adoecem e até morrem no trabalho.”
Matéria produzida pela jornalista Polliana Martins