Campanha "Não Vai Ter Psiu!" voltará no segundo semestre
A campanha em defesa e valorização da Mulher “Não Vai Ter Psiu!”, suprapartidária, aberta para a comunidade e direcionada para a Região Metropolitana, voltará a ser realizada neste segundo semestre. A iniciativa foi criada pela Presidência da Câmara Municipal de Goiânia em 1º de março deste ano e já realizou quatro encontros, três na Capital e um em Aparecida de Goiânia.
Para o idealizador da campanha, o presidente da Câmara, vereador Andrey Azeredo (PMDB), a ampliação da iniciativa superou as expectativas: “somos fraternalmente acolhidos onde vamos, nossas palestrantes estão engajadas na luta feminina, muitas instituições têm aberto as portas para nós e a participação popular é crescente. Sinto-me honrado por contribuir com essa causa universal e iremos espalhar a conscientização do combate à violência e da igualdade entre os gêneros para mais cidades e para as universidades, centros de saber e de reflexão social.”
1º Encontro: início de uma campanha mobilizadora
O primeiro encontro foi realizado na Câmara em 30 de março com o objetivo de combater a cultura do machismo e debater as várias formas de violência contra a mulher. O Auditório Carlos Eurico ficou lotado de pessoas que foram assistir às palestras das vereadoras da Casa, Dra. Cristina (PSDB), Tatiana Lemos (PCdoB), Priscila Tejota (PSD), Sabrina Garcêz (PMB) e Léia Klébia (PSC) e das palestrantes convidadas. “É tempo de desconstruir a cultura machista que vigora até hoje. Lugar de mulher é onde ela quiser e todas merecem respeito”, afirmou Andrey Azeredo, na ocasião. Foram expostos temas como a Lei Maria da Penha e as fronteiras da violência, que ultrapassam os lares e os locais de trabalho, além das ações de instituições públicas como a Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, as delegacias especializadas, o Ministério Público (MP) e a Guarda Municipal, dentre outros.
A promotora Rúbian Corrêa, da 63° Promotoria do MP de Goiás, ressaltou que “a Lei Maria da Penha fez aparecer a violência escondida, ajudou a romper o ciclo do silêncio. Quanto ao assédio moral e sexual no trabalho, tanto o homem quanto a mulher podem ser vítimas, mas o fato é que 70% dos casos são contra as mulheres e a mulher negra é a que mais sofre todos os tipos de violência. Tudo isso gera consequências psicológicas e físicas graves e são atos feitos para humilhar e destruir a auto estima da vítima e isolá-la”.
A psicóloga Rosana Moura da Secretaria Municipal de Políticas Para As Mulheres argumentou que “os sinais de conduta violenta são perceptíveis e é fundamental reconhecê-los. Toda violência é psicológica, é um ganho pra dominação e pro poder. A mulher tem que estar atenta, não se deixar isolar do convívio social e lembrar que atos de violência física quando não são denunciados tendem a aumentar, por isso é vital buscar ajuda.”
2º Encontro: Dia Nacional da Mulher e ampliação da campanha
Em 4 de maio foi realizado o segundo Encontro em Defesa e Valorização da Mulher da campanha “NÃO VAI TER PSIU!” também na Câmara. O evento comemorou o Dia Nacional da Mulher, celebrado em 30 de abril em homenagem à data de nascimento da enfermeira Jerônima Mesquita, uma das fundadoras da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), pioneira na luta sufragista e voluntária da Cruz Vermelha em Paris durante a 1ª Guerra Mundial.
O acontecimento reuniu as vereadoras Priscilla Tejota, Sabrina Garcez, (Tatiana Lemos e Leia Klebia enviaram representantes) e os secretários municipais Célia Valadão, Márcia Pereira Carvalho e Filemon Pereira, das secretarias da Mulher, de Assistência Social e de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas, respectivamente. A superintendente Executiva dos Direitos Humanos da Secretaria Cidadã, Onaide Santillo, representou o governador, que enviou uma carta lida por ela ressaltando a importância do Encontro. A diretora do Centro de Valorização da Mulher (Cevam), Dolly Soares, também prestigiou o evento.
Parcerias para a Região Metropolitana
Entusiasta da cooperação mútua entre o Legislativo Municipal e o mundo acadêmico, o presidente garantiu no segundo encontro que a Campanha “Não Vai ter Psiu!” seria levada para as universidades. “Hoje tive a alegria de ser parabenizado pela professora universitária Ilma Araújo, coordenadora do projeto “Semeando a Paz” juntamente com a professora Neusa Valadares. Firmaremos uma parceria permanente entre as duas iniciativas. Vamos ampliar nossas ações para a Região Metropolitana e para o mundo acadêmico espalhando a mensagem de respeito e igualdade entre os gêneros”.
A presidenta do Conselho Nacional da Juventude, a socióloga Aava Santiago, falou que “os crimes cometidos contra as mulheres são os únicos nos quais as vítimas precisam provar a sua inocência, ficam envergonhadas e os algozes nunca se constrangem”. E sentenciou que a Campanha “Não Vai Ter Psiu!” não é mais a realização de um único vereador, já se tornou um “paradigma da Casa”. A cientista social e doutoranda em Sociologia Uianã Cordeiro Cruvinel Borges destacou que “o feminismo não é o contrário do machismo porque não há pauta para a dominação feminina. Machismo é dominação e o feminismo é a busca pela autonomia do gênero feminino”.
Em sua palestra, a titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), Ana Elisa Gomes Martins, orientou que as vítimas devem registrar o ocorrido (a DEAM funciona 24h por dia o ano inteiro) porque “o registro jamais desaparecerá. Mesmo que ele não gere antecedentes criminais, em alguns casos, ele servirá para gerar conhecimento sobre a conduta do indivíduo e poderá ser decisivo em uma nova circunstância”. A delegada narrou o desafio de obter a confiança das vítimas porque “mesmo as que não estão feridas fisicamente estão aniquiladas psicologicamente.” E frisou: “o que está destruindo as famílias é a violência doméstica”.
3º Encontro: ação histórica entre cidades-irmãs
Uma ação histórica. Assim a diretora do Centro de Valorização da Mulher Consuelo Nasser (Cevam), Maria das Dores Dolly, descreveu o terceiro "Encontro em Defesa e Valorização da Mulher - Projeto Semeando a Paz: Campanha Não Vai Ter Psiu!", realizado em 26 de maio no CEU das Artes Orlando Carneiro, em Aparecida de Goiânia, com o apoio da Prefeitura local, e que reuniu lideranças políticas, comunitárias e membros da comunidade para discutir os temas propostos.
O acontecimento também lembrou o Dia Internacional das Cidades Seguras paras Mulheres (20 de Abril), campanha do movimento global Action Aid para chamar a atenção para os problemas de assédio e violência nas cidades de todo o mundo. O evento contou com a presença das vereadoras de Goiânia Leia Klebia e Sabrina Garcez, da titular da Secretaria Executiva da Mulher de Aparecida de Goiânia, Eudenir de Souza, a “Tia Deni”, do presidente da Câmara local, vereador Vilmarzin e de representantes de secretarias e de lideranças comunitárias.
O presidente da Câmara de Aparecida, vereador Vilmarzin, parabenizou Andrey pela iniciativa e reformulou um antigo ditado popular :"na verdade, não há uma grande mulher atrás de um grande homem, há uma grande mulher ao lado de um grande homem", disse. Tia Deni aproveitou a ocasião para pedir ao presidente Vilmarzin que o projeto se estenda à Câmara de Aparecida e agradeceu a Andrey por ter escolhido a cidade como primeira a sediar o evento fora da Capital. "Esta é uma nobre e valiosa realização e torço para que seja uma multiplicadora de conquistas", disse Leia Klebia. Já Sabrina Garcez afirmou que "teríamos uma cidade segura para as mulheres se a cultura da violência fosse combatida nas escolas e nas esferas públicas em todos os níveis.”
A advogada Flávia Fernandes, presidente do Conselho Estadual da Mulher, discorreu sobre o empoderamento feminino como ferramenta no enfrentamento à violência doméstica e familiar: "Goiás ainda é muito paternalista, machista e arcaico. As mulheres devem reconhecer o ciclo da violência e detê-lo no primeiro estágio, seja violência física, psicológica ou socioeconômica (patrimonial). Não podemos aceitar mais o "até que a morte nos separe", as religiões não podem sugerir que as mulheres aguentem serem ultrajadas pra manter um casamento nocivo. No ano passado homens mataram 4.768 mulheres no Brasil e estupraram cerca de 47.000”
A diretora do Centro de Valorização da Mulher Consuelo Nasser (Cevam), Maria das Dores Dolly, pediu a Andrey que continue ampliando a iniciativa "histórica" de unir cidades para apoiar a luta feminina com perseverança, citou os 36 anos de existência do Cevam e a batalha diária do Centro. Ela defendeu que os organismos de proteção da mulher trabalhem em rede e bem estruturados: "temos que acolher as mulheres vítimas de violência porque, dentre outros aspectos, os principais agressores são familiares e conhecidos, ou seja, elas não têm pra onde ir". O evento foi fechado com a palestra da titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Aparecida de Goiânia, Cybelle Tristão. A delegada falou da importância de se implantar políticas públicas de proteção à mulher: "estamos lutando para criar um juizado da mulher em Aparecida e uma casa de passagem para as vítimas de violência. Na delegacia atendemos uma média de 15 vítimas por dia, e precisamos de psicólogas e assistentes sociais lá, o que não temos hoje. É fácil criticar as mulheres por às vezes não denunciarem, mas é preciso se colocar no lugar delas e ajudá-las. Nunca desencoraje a vítima a denunciar, ela já está sofrendo. Procure uma delegacia da mulher. Parabenizo imensamente o vereador Andrey, que é homem e apoia a luta feminina."
4º Encontro: Violência contra a mulher negra e parceria com o TJ
Realizado em 12 de junho no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO), o 4º "Encontro em Defesa e Valorização da Mulher - Projeto Semeando a Paz: Campanha Não Vai Ter Psiu!", uniu à Câmara Municipal e o TJ graças à parceria entre o presidente da Andrey Azeredo e a chefe da coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar e Execução Penal do Estado de Goiás, a desembargadora Sandra Regina Teodoro Reis. O Encontro foi apoiado pelo presidente do TJ, o desembargador Gilberto Marques Filho, que participou da abertura.
Nessa edição as palestrantes convidadas foram a juíza da comarca de Quirinópolis Adriana Maria Queiroz, a professora do Instituto Federal de Goiás (IFG) Janira Sodré e a superintendente da Mulher e da Igualdade Racial do Estado de Goiás, Gláucia Teodoro Reis. A professora apresentou indicadores que apontam que as negras são as maiores vítimas dentre as mulheres por enfrentarem o sexismo e o racismo ao mesmo tempo. A superintendente Gláucia lembrou que Goiás foi considerado recentemente como o 3º Estado brasileiro em número de assassinatos de mulheres e ressaltou que “temos que fortalecer a rede de proteção à mulher e por isso que mais essa iniciativa, da Câmara com o TJ, é muito importante. São mais instituições públicas na defesa dos direitos da mulher". A juíza Adriana Maria, que escreveu o livro autobiográfico “Dez passos para alcançar seus sonhos – A história real da ex-faxineira que se tornou juíza de Direito”, defendeu que a informação e a educação são capazes de mudar as estatísticas tenebrosas de violência contra a mulher, ainda que não tão rápido quanto ela gostaria: “a mudança é lenta e requer perseverança. Muitos se deixam sucumbir pelo caminho porque o desafio é imenso, mas é preciso quebrar paradigmas, romper com o silêncio, ajudar e orientar as mulheres que são vítimas e criar estratégias para fortalecer a luta feminina, como esse evento realizado aqui hoje”.
Parcerias sólidas
A “Não Vai Ter Psiu!” é uma campanha suprapartidária, aberta para a comunidade, voltada para a Região Metropolitana e instituída em 1º de março deste ano. Desde então, quatro encontros já foram realizados, três na Capital e um em Aparecida de Goiânia. A partir do segundo evento foi firmada parceria permanente com o projeto Semeando a Paz (idealizado pelas professoras universitárias Ilma Araújo e Neusa Valadares) e a iniciativa está em franca ascensão, será levada para as universidades e para outras instituições interessadas em cooperar com as causas femininas, como o TJ.
Assessoria de Comunicação do vereador Andrey Azeredo.