CEI da Comurg ouve responsável por manutenção de caminhões coletores de lixo
A Comissão Especial de Inquérito (CEI) que investiga supostas irregularidades na gestão da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) ouviu, nessa quarta-feira (14), o gerente de manutenção dos caminhões de coleta de lixo, Valter Manoel dos Santos.
À comissão, Valter afirmou que atualmente 44 veículos executam o trabalho, enquanto outros 65 estão parados, totalizando 109 caminhões compactadores. Segundo ele, 49 dos veículos parados – todos comprados em 2019 – têm condições de voltar a rodar; já os demais poderiam ser aproveitados para realizar outras atividades. “Ficaria muito mais caro mantê-los na coleta do que recuperá-los, não compensa”, disse.
Contratado, há seis meses, como comissionado na Comurg, Valter afirmou ter experiência profissional na área, com atividades em grandes empresas privadas no Brasil e no exterior. De acordo com ele, o convite para o cargo partiu diretamente do presidente da companhia, Alisson Borges, para ajudar na qualificação da mão de obra da oficina. Ainda conforme o gerente, um plano de manutenção preventiva e preditiva está em criação para ser colocado em prática após a qualificação.
“Em seis meses, já existe algum resultado prático?”, perguntou o vereador Welton Lemos (Podemos), que presidiu a reunião. “Ainda não. O plano não está completo, estamos tentando primeiro recuperar a mão de obra e depois traçar o plano”, respondeu o depoente.
Em média, de dez a 12 caminhões quebram por dia durante os três turnos da oficina, segundo Valter. Ele explicou que a maioria dos problemas é solucionada em poucas horas e que caminhões retornam imediatamente ao trabalho. A quebra de peças mais complexas, entretanto, tornam caminhões inoperantes por mais tempo.
“A maioria dos caminhões possui caixa de câmbio automática importada dos Estados Unidos. Além disso, a mão de obra especializada para consertá-las aqui em Goiânia, também em todo o país, é muito pequena. Então, é difícil achar alguém. As peças demoram demais para chegar porque é preciso importá-las”, afirmou. O gerente explicou que, atualmente, 19 caminhões estão parados por esse problema e que, em seis meses de sua atuação na Comurg, apenas seis veículos com problemas no câmbio automático foram consertados.
Segundo Valter, caminhões de coleta de lixo têm menor vida útil devido à natureza do serviço executado. “Para esse trabalho, o tempo de um caminhão é mínimo. A embreagem é uma das peças que mais quebra. Em um carro comum, a embreagem é prevista para durar até 70 mil quilômetros rodados. No nosso serviço, ela roda no máximo 12 mil quilômetros."
Já outros serviços – como retífica, recondicionamento de peças e recapagem de pneus – são realizados fora da oficina da Comurg. Os pneus, explica o gerente, passam até três vezes por recuperação, conforme praticado em empresas de transporte.
Valter também esclareceu que a compra de peças, sempre novas, fica sob responsabilidade do gestor do contrato. Quando são instaladas, o gerente e o engenheiro mecânico da oficina fiscalizam a efetiva realização dos serviços, atestando as notas fiscais. Contudo, ao ser perguntado pelo relator da CEI, vereador Thialu Guiotti (Avante), sobre existência de controle rigoroso de entrada e saída de peças, na Comurg, assim como o gerente relatou haver em empresas privadas nas quais trabalhou, Valter respondeu que a prática ainda não ocorre na companhia.
“Existe dinheiro público sendo desperdiçado nesse caso. O problema não é dos funcionários da Comurg, mas de falta de gestão do controle de gastos com peças e pneus”, concluiu o relator.