CEI da SMT ouve agentes de trânsito que negam ter retirado cavaletes
A Comissão Especial de Investigação (CEI) da secretaria Municipal de Trânsito (SMT) ouviu hoje, 17, três agentes de trânsito, da área de fiscalização daquela pasta cujos nomes constam no sistema como responsáveis por retirar cavaletes para uso na interdição de ruas. A denúncia segundo o vereador Elias Vaz (PSB), que preside a comissão, é de que foram adquiridos 7.150 unidades num contrato de R$ 175 mil entre junho de 2015 a julho de 2016 e que não foram entregues e que podem ser chamados de “cavaletes fantasmas”.
Os agentes André Luiz Gonçalves Azevedo, Wander Alves de Aguiar e Alfredo Luis de Sousa Júnior acusaram terceiros de utilizar suas senhas funcionais e números de matrícula para retirarem os cavaletes conforme constam no sistema de informática da secretaria. Também afirmaram que a chegada da Tocha Olímpica em maio de 2016 foi o evento que mais consumiu os cavaletes já que foram interditados mais de 20 quilômetros de ruas, mas que devem ter sido utilizados de 400 a 500 unidades no apoio logístico e nunca a quantidade declarada no contrato, de mais de 7 mil.
O agente André Luiz, que atuou como Diretor de Fiscalização, afirmou que não retirou e sequer autorizou a retirada de 2.700 cavaletes do almoxarifado conforme consta no sistema. Ele acredita que sua senha e matrícula tenham sido utilizadas indevidamente por algum servidor que ele desconhece quem seja. Confirmou que nos Postos Avançados não havia espaço suficiente para mais que 150 unidades desse material e que pela sua experiência, cabe ao setor de almoxarifado controlar a entrada e saída dos cavaletes.
Outro agente, Wander Alves de Aguiar afirmou que não recepcionou a entrada desses cavaletes que eram entregues no PA da Cidade Jardim, da avenida Portugal e na sede na Serrinha. Ele teve 2.400 unidades desse material retirados sob seu nome, mas negou que tenha sido o responsável e que acredita no uso de sua senha por outra pessoa.
Já o agente Alfredo Luiz de Sousa Júnior foi enfático ao afirmar que é impossível a SMT ter utilizado em um ano os 7 mil cavaletes conforme a CEI apurou. Ele viu a chegada de cerca de no máximo uns 200 no PA Portugal uma única vez. Soube na semana passada que em seu nome foram retirados 500 para o evento da Tocha Olímpica, mas não foi autorizado por ele. Confirmou que a secretaria não tem espaço para receber a quantidade que está atestada nas notas fiscais enviadas pela própria SMT aos vereadores que compõem a CEI.
Outro ouvido foi o então gerente administrativo da SMT no período investigado, Alexandre da Silva Kruk. Ele igualmente citou a passagem da Tocha Olímpica como o evento que mais demandou o uso de cavaletes pela secretaria e que nos eventos de corrida de rua as empresas promotoras são responsáveis pelo fornecimento desses materiais, mas geralmente a SMT precisa complementar. Por diversas vezes declarou desconhecer as quantidades de cavaletes adquiridos pela secretaria e como eram feitas as entregas, bem como as retiradas dos mesmos. Não soube explicar o motivo da ex-diretora administrativa Maria Bernadete ter atestado a compra de 4 mil cavaletes mesmo depois de ter deixado a SMT.
Interrogados pelo vereador Jorge Kajuru (PRP) sobre as ligações políticas com ex-secretários da SMT no período investigado, o ex-gerente não teve como negar o apoio dado ao vereador Andrey Azeredo (PMDB) em sua campanha para vereador, pois há fotos nas redes sociais que comprovam. O mesmo ocorreu com o agente André Luiz fotografado com sua família juntamente com o candidato Andrey. Já Wander Alves que foi gerente na SMT no período em que Andrey era secretário negou que o apoiou. Wander afirmou que declarou apoio a outro candidato e mesmo assim, Azeredo o escolheu como gerente, numa atitude “bastante compreensiva e profissional”.
A CEI aprovou requerimento solicitando a cópia do contrato de aquisição de cavaletes de plástico em 2014 junto à empresa JBA e a relação de estoque com entradas e saídas desse tipo de material no Almoxarifado da SMT.
Também aprovou convocação da servidora Rejane dos Santos Batista, que deu prosseguimento ao processo que continha a nota fiscal atestada pela ex-diretora Maria Bernadete, que fez o atesto mesmo não sendo mais desse órgão.
Outro requerimento de autoria do vereador Welington Peixoto (PMDB) pede à Prefeitura que envie relatório do que foi arrecadado com a Taxa de fechamento de ruas e onde foram aplicados tais recursos.