CEI ouve empresário responsável por manutenção de caminhões da Comurg
Começou nesta quarta-feira (31) a última fase da Comissão Especial de Inquérito (CEI) que investiga possíveis irregularidades na gestão da Companhia Municipal de Urbanização de Goiânia (Comurg). Nesta etapa final, a comissão ouvirá empresários com contratos de fornecimento firmados com a empresa.
O primeiro a ser ouvido foi Divino José Coutinho, proprietário da empresa Centro Automotivo H3 Ltda – responsável por prestar serviços de manutenção e por fornecer peças de reposição para 118 caminhões da Comurg. “Os serviços corriqueiros são feitos pela oficina mecânica própria da Comurg, como troca de pastilhas de freio, por exemplo. Nesse caso, eu só entrego peças. Em casos específicos, quando eles não possuem ferramentas para fazer o reparo, os caminhões são consertados na minha oficina”, explicou.
Vencido em pregão eletrônico e iniciado há menos de dois meses, o contrato totaliza valor de até R$ 32 milhões durante um ano. Segundo Divino, trata-se da primeira vitória de sua empresa em processo de licitação. O depoente afirmou também que a Comurg tem pago, em média, de R$ 1,5 a 2 milhões por mês para sua empresa – a maior parte por aquisição de peças. Contudo, de acordo com Divino, pagamentos costumam ocorrer com atrasos de um a dois meses.
O presidente da CEI, Ronilson Reis (PMB), citou reportagem exibida pela TV Anhanguera, nessa quarta-feira (30). A matéria revelou que caminhões parados no pátio da Comurg, aguardando manutenção ou em más condições, poderiam voltar a rodar. “Ontem, 33 caminhões coletaram lixo na cidade, mas especialistas dizem que o mínimo deveria ser de 46 para boa prestação de serviço. Não entendo como há contrato milionário para manutenção e, ainda assim, tantos caminhões parados, sendo que ainda querem alugar mais 30 para coleta”, afirmou o vereador.
Ronilson questionou Divino em relação ao alto número de veículos em manutenção. De acordo com o depoente, em razão de caminhões mais novos – adquiridos em 2020 – possuírem câmbio automático, os veículos aguardam, por mais tempo, chegada de peças, o que pode levar até 60 dias. “Os caminhões estão estragando no tempo certo porque já têm mais de cem mil quilômetros rodados”, acrescentou.
Em resposta ao vereador Leo José (Republicanos), Divino afirmou ser possível a recuperação de caminhões antigos para prestação da coleta de lixo. “Talvez se gaste, por veículo, até 40% do valor de um zero quilômetro. Nesse caso, vai aguentar rodar igual caminhão novo”, garantiu.
Empresa do filho
Divino Coutinho já forneceu peças à Comurg por meio da HS Retífica de Motores Ltda. – empresa registrada em nome de seu filho. Segundo o depoente, o vínculo não era direto com a companhia, mas com empresa gestora de cartão corporativo, que possui rede conveniada de serviços. Pelo contrato, a Comurg recebia descontos em produtos vendidos na plataforma da empresa e pagos com cartão vinculado a ela.
Ronilson Reis citou processo de improbidade administrativa envolvendo a empresa e a Prefeitura de Itarumã, no sul de Goiás. A acusação é de que a HS emitiu notas frias e recebeu por serviços de manutenção de máquinas não executados. Divino confirmou existência da ação, mas negou que seja procedente. “Nas audiências do Judiciário, atestamos que todos os serviços foram feitos e que entregamos todas as peças.”