Combate à depressão e suicídio entre crianças e adolescentes é tema de audiência pública na Câmara
O vereador Isaías Ribeiro (Republicanos) promoveu, nesta quarta-feira, audiência pública para discutir sobre conscientização para prevenção de depressão na infância e adolescência e de suicídio. O evento, realizado no Plenário da Câmara, foi acompanhado por vários integrantes do projeto Jovem Aprendiz que trabalham na Casa.
“A depressão não escolhe sexo, idade ou classe social. Essa doença, além de prejudicar o crescimento social e cognitivo da criança e do adolescente, afeta também relações familiares. O diagnóstico tardio pode trazer consequências irreparáveis, principalmente naqueles que promovem automutilação e tentativa de suicídio”, explicou Isaías. De acordo com dados do Ministério da Saúde, o suicídio é a segunda maior causa de mortes entre adolescentes e jovens brasileiros de 15 a 29 anos.
“É urgente que sejam criadas políticas públicas que levem informações às pessoas para que consigam identificar e buscar tratamento para depressão no menor tempo possível, buscando reduzir e evitar consequências mais graves por meio do tratamento precoce da doença”, defendeu.
O vereador lembrou que foi autor de projeto de lei (PL 10.685/2021), sancionado pelo prefeito Rogério Cruz (Republicanos), em outubro do ano passado, que instituiu no Calendário Oficial de Eventos do Município a campanha permanente de combate ao suicídio, à automutilação e à depressão de crianças e adolescentes.
Em depoimento dado pela neuropedagoga Daniele Assis, que também é escritora e autora do livro “Como sou (in)útil”, ela contou que teve depressão algumas vezes durante a vida, mas não buscou tratamento porque não sabia exatamente o problema que tinha. Dessa forma, não procurou nem recebeu qualquer orientação. “Meu quadro foi se agravando até desenvolver depressão grave, que é persistente, ou seja, dura mais de dois anos. Cheguei ao ponto de perder meu poder cognitivo por seis meses, afetando assim minha capacidade de atenção, memória, raciocínio e diálogo. Nesse ponto, fui atendida por profissionais e comecei o tratamento da depressão, o que foi muito positivo.” Com a recuperação, Daniele fez faculdade de Jornalismo e, durante o curso, teve a ideia de relatar tudo que passou em um livro.
Ela elencou os principais sintomas de depressão que devem acender alerta em pais e responsáveis de crianças e adolescentes:
- desesperança, tristeza, pesar;
- dificuldade cognitiva (atenção, concentração, memorização, raciocínio);
- angústia, medo, pensamento acelerado, ansiedade;
- pessimismo obsessivo, choro fácil;
- impotência, incapacidade;
- isolamento, apatia;
- baixa autoestima;
- perda de interesse em atividade;
- mudanças no apetite e no sono;
- queixas de dores físicas, sensibilidade com luz ou sons;
- ideia de suicídio ou pensamento de tragédia ou morte;
- sensação frequente de cansaço ou perda de energia;
- irritabilidade, agressividade.
A depressão, se não tratada, pode levar a fatores de risco como uso excessivo de álcool, consumo de drogas, automutilação e ideação suicida. Já o tratamento exige equipe multidisciplinar composta por clínico geral, psiquiatra, neuropediatra ou neurologista, psicólogo, psicopedagogo e preparador físico, explicou Daniele.
O coordenador do projeto Help, Augusto Albuquerque, falou sobre a ação de distribuir cartas com mensagens motivacionais em pontos estratégicos da cidade, como viadutos, praças e parques. Nelas, também está o contato de WhatsApp para que aqueles em aflição busquem ajuda e sejam aconselhados. Outra ação do grupo é a realização de palestras em escolas. “O tema é ‘Batalha de Pensamentos’, porque entendemos que são pensamentos negativos que levam jovens a sofrer com ansiedade e depressão. Nós ensinamos na palestra que esses pensamentos surgem para todos, mas quando nos deixamos ser dominados por eles, vêm tristeza profunda, crises de ansiedade e automutilação, na tentativa de aliviar a dor na alma”, disse Augusto. Ele acrescentou que, ao final das palestras, jovens são aconselhados individualmente.
O grupo Depressão Tem Cura (DTC) promove ações semelhantes ao Help em sinaleiros, shoppings e parques, com objetivo de disseminar informações acerca da depressão e de tratamento. Também possui atendimento telefônico, atendimento domiciliar e presencial em pontos de apoio localizados em todo o estado. “Há pessoas que pensam que não há tratamento, não há cura, mas é preciso mostrar para quem precisa que é possível se livrar da ansiedade e da depressão. No caso das crianças e dos jovens, se eles não forem tratados, serão adultos traumatizados que terão problemas nos relacionamentos e na vida em geral, gerando famílias e uma sociedade totalmente desestruturadas”, afirmou o coordenador do grupo, Luan Felipe Oliveira Souza.