Crise hídrica é tema de audiência pública
A Câmara Municipal de Goiânia realizou nesta sexta-feira, 22, audiência pública sobre a crise hídrica, por iniciativa do vereador Felisberto Tavares (PR). Ele, que é geógrafo, iniciou os trabalhos com a apresentação de um diagnóstico do Meia Ponte, feito em 2013, o qual já apontava irregularidades como lançamento de esgoto in natura e extração de areia. “O problema é antigo e a cada ano só agrava. Por isso, o impacto da falta de água agora foi bem pior do que em 2016. Precisamos dar um basta no descaso do poder público com relação ao tratamento e cuidado com nossos recursos hídricos”, frisou.
O parlamentar defendeu ainda uma política mais ampla de proteção e recuperação das nascentes que abastecem o João Leite. “Caso contrário, o Sistema Produtor Mauro Borges não resolverá o problema”, disse. Quem corroborou com essa opinião foi o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Meia Ponte, Fábio Camargo. “Precisamos entender a real situação para não ficarmos na zona de conforto. A Estação de Tratamento de Água Mauro Borges não vai socorrer nem um terço do que precisa”, comentou.
Desafios
Neste aspecto, o diretor da Companhia de Saneamento de Goiás (Saneago), Henrique Luiz de Araújo Costa, destacou que todo esforço para sair da crise hídrica foi feito e que o Sistema Produtor Mauro Borges está atendendo a demanda. Ele esclareceu que o abastecimento de água enfrenta desafios como variações climáticas, uso e ocupação do solo e conservação das bacias. Em se tratando do Meia Ponte, adiantou que a Saneago já planeja barragens de nível. “Mas o empenho para enfrentar esses desafios precisa ser conjunto e a Câmara tem muito a contribuir na criação de leis e projetos. O Plano Diretor, por exemplo, precisa tratar da captação de água”, sugeriu.
Fábio Camargo aproveitou o encontro para cobrar agilidade no Plano de Estudo do Meia Ponte. Em resposta, o gerente da Secretaria do Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (Secima), João Ricardo Raiser, garantiu que o plano está em fase de contratação. “Precisamos abandonar a falsa percepção de abundância dos recursos hídricos. Pois, onde há abundância, não há planejamento. O ideal é fazermos gestão de risco – e não gestão de crise. Pensar no futuro é fundamental”, disse, acrescentando que já foi enviado à Assembleia Legislativa de Goiás o Plano Estadual de Recursos Hídricos.
Também participaram da audiência pública os vereadores Gustavo Cruvinel (PV), Elias Vaz (PSB), o ex-vereador Djalma Araújo, além de representantes da Universidade Federal de Goiás (UFG), Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Secretaria Municipal de Educação (SME), Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), associações de moradores, dentre outros. (Foto: Alberto Maia)