Democratiza Enem com Afroletramento, iniciativa do mandato de Aava Santiago, tem 13 jovens quilombolas aprovados em universidades
O acesso ao ensino superior tem se tornado realidade para jovens da comunidade quilombola Nossa Senhora Aparecida, localizada em Cromínia, no interior de Goiás. Graças ao Projeto Democratiza Enem - Edição Afroletramento, iniciativa da vereadora Aava Santiago (PSDB), 13 estudantes da região foram aprovados em universidades, como a Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade Estadual de Goiás (UEG), Instituto Federal Goiano e instituições particulares. Os aprovados iniciaram sua jornada acadêmica ao longo de 2024, nos primeiros e segundos semestres, e alguns ingressam agora em 2025, reforçando a presença quilombola no ensino superior.
O Projeto Afroletramento utilizou o método lúdico-afetivo de ensino, desenvolvido na pesquisa de doutorado da Doutora Poliana Queiroz, que foi coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Goiânia em 2023. A partir de aulas de literatura, português e redação, com ênfase na identidade quilombola, os jovens foram incentivados a valorizar sua cultura e a se prepararem para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Professores voluntários, como Fernando e Poliana, ofereceram suporte fundamental para esse processo.
Para Aava Santiago, idealizadora do projeto, o impacto dessa conquista vai além das aprovações individuais. “O Projeto Democratiza Enem - Edição Afroletramento me enche de orgulho porque representa a abertura de portas para um futuro melhor. Mais do que aprovações, esse projeto fortalece a cultura, a identidade e a dignidade quilombola. Educação é transformação, e esses resultados são a prova disso”, destaca a parlamentar.
Além das aulas preparatórias, oferecidas gratuitamente pela Associação de Moradores da Comunidade Quilombola Nossa Senhora Aparecida, o projeto também garantiu suporte para que os estudantes não desistissem da universidade, com auxílio para transporte, alimentação e custos de permanência.
Wilsara Alves de Souza é coordenadora pedagógica do projeto afroletramento no Quilombo Nossa Senhora Aparecida. Quilombola e graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Goiás (UEG), é pesquisadora na área de Antropologia, com foco nas populações afro-brasileiras e quilombolas, desenvolvendo iniciativas que promovem a valorização da história e cultura afro-brasileira e indígena. Também integra a Coordenação Colegiada do Grupo de Mulheres Negras Malunga e representa a Articulação de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB) em articulações nacionais e internacionais, como o Fórum Geração de Igualdade.
Wilsara destaca a importância do ENEM com edição afroletramento para sua comunidade. “O afroletramento, para a comunidade quilombola Nossa Senhora, foi um marco histórico, onde a metodologia usada permitiu que esses alunos entendessem de uma forma inovadora e especial que a nossa história, a nossa cultura, as nossas raízes são indispensáveis para uma construção de uma sociedade mais consciente e inclusiva. E frequentemente o ENEM vem trazer temas de redação que abordam a cultura afro-brasileira indígena. E graças ao impacto do projeto em nossa comunidade, temos registrado um alto índice de aprovação. Isso porque os alunos aprenderam a reconhecer e valorizar a nossa história, a nossa cultura, o que ajudou a escreverem com mais confiança sobre si mesmos e os contextos históricos”, ressalta.
Apenas 20% das universidades públicas no Brasil adotam cotas para quilombolas, disponibilizando cerca de 2.035 vagas, o que representa 0,52% do total. Essas vagas estão concentradas em oito estados, com a Bahia liderando em números absolutos (599 vagas), enquanto Tocantins, Goiás e Pará apresentam as maiores proporções em relação ao total de cotas. Como não há uma legislação nacional que obrigue a reserva de vagas, cada instituição define suas próprias regras para inclusão dessa população.
Desde 2020, o projeto Democratiza Enem tem sido uma ferramenta essencial para a preparação de estudantes de baixa renda para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Com aulas gratuitas e materiais didáticos acessíveis, a iniciativa já instruiu centenas de alunos, ampliando as oportunidades de ingresso no ensino superior. Além do suporte acadêmico, o projeto busca reduzir desigualdades educacionais, proporcionando um ambiente de aprendizado inclusivo e de qualidade.
A continuidade da Edição Afroletramento se torna essencial para ampliar essas conquistas, assegurando que mais jovens quilombolas tenham acesso ao ensino superior e possam transformar suas realidades.
*Com informações da assessoria de comunicação da vereadora