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Diretor de Urbanismo da Comurg depõe à CEI

por Patrícia Drummond publicado 02/05/2023 23h15, última modificação 03/05/2023 16h50
Edimar Ferreira da Silva compareceu à reunião na tarde desta terça-feira (2). Ele é sogro do atual presidente do órgão, Alisson Borges

A Comissão Especial de Inquérito (CEI) que apura possíveis irregularidades na gestão da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) ouviu, nesta terça-feira (2), o diretor de Urbanismo da empresa, Edimar Ferreira da Silva. Ele – que é sogro do atual presidente da companhia, Alisson Borges – compareceu à reunião acompanhado de advogado e foi inquirido pelos vereadores na condição de testemunha.

Servidor de carreira, Edimar ingressou na Comurg em 2006. O cargo original é de trabalhador de limpeza urbana, com salário-base de R$ 1.485,68. Segundo dados do Portal da Transparência, ao vencimento, soma-se gratificação no valor de R$ 12.033,67, além de R$ 3.141,32 relativos a “outros proventos”. Pelo atual cargo de diretor de Urbanismo, Edimar Ferreira recebe mais uma gratificação – referente à função de confiança – no valor de R$ 12.033,67. O salário bruto totaliza R$28,5 mil (R$ 21,1 mil líquidos).

Informações sobre vencimentos abriram a oitiva e foram confirmadas pelo depoente. Segundo Edimar, as incorporações feitas ao salário são fruto de acordos coletivos e ocorreram ao longo do tempo em que serve à Comurg. “Passei por algumas gerências e já ocupei esse cargo, de diretor de Urbanismo, antes, de 2009 a 2015. Voltei a ocupá-lo em 2019”, pontuou, ao ser questionado pelos parlamentares. De acordo com ele, a atividade de gari – cargo para o qual foi aprovado e nomeado em concurso público – foi exercida durante cerca de dois anos. As indicações para a Diretoria de Urbanismo, conforme relatou, foram do ex-prefeito Iris Rezende (MDB) – a última delas, mantida pelo prefeito Rogério Cruz (Republicanos).

Nepotismo

Edimar Ferreira declarou ter parentes na Comurg – três irmãos, também concursados (em 2009), e outros dois familiares em cargos comissionados –, mas negou manter qualquer tipo de relação com prestadores de serviço da companhia.

Em oitiva no fim de março, Alisson Borges foi questionado justamente sobre presença de familiares, com cargos e altos salários na empresa – caso do sogro, Edimar, e do pai, Albertino Simão Borges. Na ocasião, o presidente da CEI, vereador Ronilson Reis (PMB), apontou hipótese de nepotismo. O presidente da Comurg, entretanto, alegou que tanto o sogro quanto o pai são servidores de carreira. Além disso, afirmou ter assumido a gestão da companhia quando Edimar já estava à frente da Diretoria de Urbanismo. “Meu pai tem 42 anos de carreira na Comurg e conquistou benefícios, assim como outros servidores também conquistaram; tiveram incorporações de gratificações. O Edimar, que é meu sogro, quando assumi a presidência da empresa, já estava na Diretoria de Urbanismo. Não fui eu que nomeei. São dois servidores efetivos que trabalham na Comurg, que prestam serviço, e estão exercendo funções para as quais foram designados”, declarou.

Obras não concluídas

Em seu depoimento, o diretor de Urbanismo falou também sobre obras não executadas pela Comurg, mesmo após recebimento de recursos – cerca de R$ 8 milhões foram adiantados pela Prefeitura, referentes a contratos de emendas impositivas e de obras em Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e no Cemitério Parque; os serviços ainda não foram concluídos. De acordo com Edimar, 50 praças oriundas das emendas parlamentares, 14 Cras e a reforma e manutenção do cemitério só não foram entregues ainda por causa das chuvas.

Outro questionamento da comissão se deu sobre o fato de as obras terem sido contratadas e indicadas como concluídas, sem estarem, de fato, prontas. O atestado foi emitido e assinado pelo gerente técnico de Engenharia, Nilton César Pinto – que permaneceu em silêncio diante da CEI. Edimar Ferreira explicou que, à época, o engenheiro não trabalhava em sua diretoria, mas estava cedido à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (Sedhs).

Ronilson Reis cobrou maior detalhamento acerca das obras nos relatórios enviados à comissão. Segundo ele, faltam informações sobre o que deve ser feito em cada praça, por exemplo. “O Relatório de Execução de Obras veio sem quantificar bancos, grama, pisos táteis. Há uma inconsistência; faltam detalhes. Isso dificulta a fiscalização do cumprimento dos contratos”, disse. O presidente da CEI informou ainda que irá requerer envio dos Memoriais Descritivos das obras.

Mais depoimentos

A CEI segue com oitivas nesta quarta-feira (3). A comissão receberá Fabrício Canedo, ex-diretor da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), para falar sobre pagamentos antecipados à Comurg, sem conclusão das obras. Com início previsto às 14 horas, o depoimento contará com transmissão ao vivo pelo canal da Câmara no YouTube (tvcamaragyn).