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Durante audiência pública, diretora da Saneago fala sobre problemas no abastecimento de água

por Guilherme Machado publicado 31/10/2017 19h30, última modificação 01/11/2017 17h12
Durante audiência pública, diretora da Saneago fala sobre problemas no abastecimento de água

Foto: Marcelo do Vale

Numa audiência pública promovida pelo vereador Delegado Eduardo Prado (PV), ocorrida na tarde desta terça-feira, 31, a diretora de expansão da Saneago, Juliana Matos de Sousa, respondeu questionamentos sobre os problemas no abastecimento de água enfrentados pela população nas últimas semanas, devido ao longo período de estiagem.

Ela explicou que Goiás vive a pior seca dos últimos 80 anos e que atravessamos um período cíclico de poucas chuvas que ainda não chegou ao pior ponto. “Segundo estudos climatológicos, esse ciclo só tende a acabar a partir de 2021 e o ano que vem será o período mais crítico na falta de chuvas”, disse. Este ano, se a precipitação de chuvas se normalizar em novembro (o que deveria ter ocorrido em outubro), a normalização do serviço ocorrerá em dezembro, quando a vazão do Rio Meia Ponte deverá ter aumentado. 

“Uma empresa que atua há 50 anos, tendo 90% da população do estado atendida regularmente hoje, que atravessa uma escassez hídrica, sendo a pior da sua história, pode ser considerada como a vilã da história?” Afirmou que a empresa é apenas usuária da bacia hídrica e que a responsabilidade pela reserva de água e fiscalização é dos órgãos públicos. “Se a bacia é ocupada de forma desordenada, impermeabilizando o solo, criando confinamentos de animais ao longo dela, deixando que outros usuários também retirem água e sem dar a prioridade para o abastecimento público, a culpa é da Saneago ou do gestor público que permitiu tudo isso?” 

Disse ainda que a Saneago tem feito trabalho junto com a Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (Secima) e o Batalhão Ambienta da Polícia Militar para fiscalizar o uso da água ao longo do Rio Meia Monte. A Secima declarou Situação de Escassez Hídrica reduzindo a quantidade permitida a quem tem outorga para retirada de água do rio que não seja abastecimento público, o que afeta principalmente fazendas. Essas ações, segundo ela, tem feito a vazão da água do rio se estabilizar nas últimas 24 horas. “Se mantivermos essa vazão estabilizada ao longo do dia, todos os bairros estarão com o fornecimento regularizado.” 

Juliana criticou a expansão urbana desenfreada, com a criação de novos loteamentos sem estrutura e sem estudos que indiquem a viabilidade de fornecimento de água para essas novas áreas. “Com a vazão de água que é autorizada para a Saneago retirar do Meia Monte, não há água para todo esse crescimento que a Região Metropolitana tem apresentado.” 

A diretora também criticou o mal hábito da população, que não faz o uso consciente da água. “Nós brasileiros vivemos num país de abundância de terra, água, minérios e nós não estamos acostumados com a escassez.” Outra crítica, foi quanto a falta de caixas d’água em muitas casas, o que minimizaria o problema. “A população tem diretos, mas também deveres no serviço de fornecimento. Um dos deveres é ter fazer uma estrutura hidráulica adequada em suas casas.” 

Questionada sobre a promessa do Reservatório João Leite de garantir o abastecimento de água pelos próximos 25 anos, disse que a intenção da Saneago com a criação do Sistema Mauro Borges, que passou a fornecer água no mês passado, nunca foi de deixar de usar o Sistema Meia Ponte, responsável por 58% do abastecimento da Região Metropolitana, e sim complementá-lo. Afirmou que a Saneago está fazendo a interligação dos sistemas como forma de diminuir a quantidade de bairros dependentes exclusivamente do Meia Ponte. 

Ela esclareceu que, o que foi vinculado na imprensa afirmando que 211 estariam sem água, na verdade significa que esses locais podem sofrer com “intermitências pontuais” por pertencerem ao Sistema do Meia Ponte. Afirmou que, a partir de amanhã, a Saneago irá disponibilizar na Internet informações mais detalhadas dos locais com interrupção de fornecimento de água. 

O promotor de justiça Fernando Krebs participou do início da audiência e disse que o Ministério Público estadual instaurou um inquérito civil público para apurar a crise hídrica. “Na prática o que estamos vendo é que existem o racionamento e o rodízio no fornecimento, mas que eles não estão ocorrendo de forma transparente.” Afirmou que o MP emitiu recomendação à Saneago para que declare estado de calamidade pública e que a empresa retire água no reservatório do João Leite com caminhões-pipa para levar às regiões em que a situação é mais grave. 

Participaram também da audiência os vereadores Carlin Café (PPS), Gustavo Cruvinel (PV), Oseias Varão (PSB) e Paulo Magalhães (PSD).