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Em Audiência Pública, educadores propõem elaborar plano de ação para evitar reestruturação da EJA, anunciada pela Prefeitura

por Patrícia Drummond publicado 17/12/2022 21h05, última modificação 19/12/2022 15h02
Debate foi realizado na sexta-feira (16), sob coordenação do vereador Mauro Rubem (PT). Poder Executivo foi convidado, mas não enviou representantes
Em Audiência Pública, educadores propõem elaborar plano de ação para evitar reestruturação da EJA, anunciada pela Prefeitura

Foto: Marcelo do Vale

A elaboração de um plano de ação, com objetivo de impedir a reestruturação da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na rede pública municipal, proposta pela Prefeitura de Goiânia, foi um dos principais encaminhamentos de Audiência Pública realizada na tarde de sexta-feira (16), na Câmara, para discutir o tema. A iniciativa do debate foi do vereador Mauro Rubem (PT), vice-presidente da Comissão de Educação da Casa, e contou com presença de representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Goiás (Sintego); Sindicato Municipal dos Servidores da Educação de Goiânia (Simsed); Fórum Municipal de Educação; Fórum Goiano de Educação de Jovens e Adultos; Conselho Estadual de Educação; e Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb.

Tão logo a Secretaria Municipal de Educação (SME) divulgou mudanças com relação à EJA, em Goiânia, professores e lideranças da categoria já se manifestaram contra a medida. A SME publicou cartilha, informando que o programa, a partir de 2023, terá junção dos Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento da 1ª e da 2ª séries em um só período. Educadores alegam que isso deverá gerar impacto negativo para estudantes e trabalhadores, porque turmas em níveis diferentes de aprendizagem serão unidas. Outro ponto de reclamação é a reformulação das aulas. A SME quer ampliar conteúdos de Língua Portuguesa e Matemática e reduzir os das demais disciplinas. Segundo o Anuário Brasileiro da Educação Básica, de 2020, de cada cem estudantes que ingressam na escola, na capital, 15 não concluem o Ensino Fundamental II até completar 16 anos.

Nesse sentido, ações encaminhadas durante a Audiência Pública preveem encontros de profissionais e alunos; formação de grupo de trabalho para elaborar proposta alternativa e enviar à SME; combater o desmonte, união de séries diferentes e garantir isonomia na oferta das disciplinas. Além disso, o grupo quer realização de censo, com atualização do número de pessoas não alfabetizadas em Goiânia, e propagandas da Prefeitura, com divulgação das aulas e conscientização de sua importância. Educadores defendem, ainda, contratação imediata dos aprovados em concurso municipal.

Críticas

De acordo com o coordenador do Fórum Goiano de EJA, Lucas Martim Avelar, unir turmas de séries diferentes, como quer a SME, é prejudicial tanto ao aluno como ao professor, já que dificulta aprendizado. A justificativa do secretário Wellington Bessa é de que salas de aula da EJA estão vazias e gerando prejuízo ao município. Professores, no entanto, afirmam que houve redução no número de alunos na época da pandemia e que, depois disso, a Prefeitura de Goiânia não fez publicidade da EJA, nem divulgou abertura de matrículas. “O poder público não está preocupado com bases pedagógicas da EJA. Por isso, a precarização da oferta de vagas e do ensino. O que precisamos é de mais recursos e capacitação profissional, lembrando que Goiânia não atingiu sua meta de alfabetização”, destacou Lucas.

Na avaliação do presidente do Simsed, Antônio Gonçalves Rocha Júnior, a reestruturação proposta pela SME está ocorrendo apenas por interesses econômicos. O ideal, segundo ele, é que se discutisse ampliação da EJA em associações e com turmas no período vespertino, e não união de turmas e fechamento de salas. A professora Angélica Alarcão, também do Simsed, concordou com Antônio e ressaltou que Educação é bem público, que deve ser protegido. Ela defendeu capacitação especializada para educador da EJA.

Sandra Camargo, professora, relembrou, em sua fala, a trajetória como ex-aluna da EJA. “Dizer que o número reduzido de alunos causa prejuízo é absurdo”, argumentou. “Estudei pela EJA e hoje sou professora, com doutorado em Educação pela Universidade Federal de Goiás (UFG). A EJA é fundamental para o desenvolvimento do país”, acrescentou.

Vice-presidente da Comissão de Educação da Câmara e proponente da Audiência Pública realizada na sexta-feira, o vereador Mauro Rubem lamentou falta de diálogo com o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) e com o secretário Wellington Bessa. Ambos foram convidados para o debate, mas não compareceram, nem mandaram representantes. Mauro lembrou que, há alguns dias, ele e um grupo de educadores estiveram no Paço para tratar de diversos assuntos – incluindo EJA e fechamento de bibliotecas nas escolas municipais –, porém não foram recebidos.