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Encontro discute extinção do termo 'violência obstétrica'

por Quezia de Alcântara publicado 28/05/2019 09h20, última modificação 28/05/2019 09h17

O vereador Andrey Azeredo (MDB) realizou nesta segunda-feira (27) na Universidade Salgado de Oliveira o 15º encontro da campanha #NãoVaiTerPsiu.

Quatro profissionais foram convidadas para debater o tema “Saúde da Mulher: Motivos que Causam a Mortalidade Materna e a Violência Obstétrica” para que o assunto seja amplamente difundido na sociedade porque muitas mulheres sequer imaginam que foram vítimas deste tipo de violência.

O despacho emitido pelo Ministério da Saúde no início deste mês, onde a pasta defende que não seja mais usado o termo “violência obstétrica” não é capaz de diminuir o número de casos no país – que tem aumentado de forma expressiva – e por isso deve ser veementemente rechaçado, dizem especialistas que participaram das discussões no 15º #NãoVaiTerPsiu, idealizado pelo vereador Andrey Azeredo (MDB). "Indo na contramão do que preconiza o Ministério da Saúde, as especialistas disseram que o Ministério da Saúde erra ao tentar abolir o termo “violência obstétrica”, diz o vereador.

“Minha mãe foi uma vítima e vive as consequências disso até hoje, pois perdeu um bebê por sofrimento fetal. Temos que conscientizar as mulheres vítimas deste tipo de violência e incentivá-las a denunciar. Muitos não falam nada por medo de represálias em partos futuros”, contou a defensora pública do Estado de Goiás e coordenadora do Núcleo Especializado de Defesa e Promoção dos Direitos da Mulher (NUDEM),Gabriela Hamdan.

De acordo com Andrey, “o termo violência obstétrica refere-se a atos categorizados como fisicamente ou psicologicamente violentos no contexto do trabalho de parto e nascimento do bebê. Práticas de parto e intervenções médicas como cesarianas, episiotomias e indução hormonal de parto, coação e constrangimentos verbais à gestante, não permitir que ela escolha entre parto normal ou cesárea e até proibição de acompanhante na sala de parto são exemplos deste tipo de violência”.

Violência obstétrica é diferente de erro médico, isso precisa ficar bem claro. Inclusive há uma corrente (de estudiosos, advogados e especialistas) que, como eu, defendem que é caso de violência sexual, sim!”, enfatizou a advogada, secretária-geral da Comissão Especial de Valorização da Mulher da OAB-GO e diretora estratégica do coletivo nacional de advogadas Nascer Direito, Valéria Mori. “A mulher não deve se sentir culpada por fazer uma denúncia em uma delegacia. Pelo contrário, ela foi a parte vulnerável em toda aquela situação”, completou.

“A discussão não é e nunca foi sobre o termo (violência obstétrica) em si, como tem feito o Ministério da Saúde. Mas sim o que pode ser feito para minimizar esta situação, o que pode ser realizado de concreto para que cessem até mesmo as mortes de mulheres vítimas deste tipo de violência”, disse a enfermeira Ana Carolina Dias, especialista em Enfermagem Neonatal e docente do curso de Enfermagem da Universo.

A procuradora do Estado de Goiás, membro do Conselho Estadual da Mulher e uma das idealizadoras da campanha “Menos Rótulos Mais Respeito”, Carla Von Bentzen, contou que processa a maternidade onde ela deu à luz a primeira filha, em Goiânia, por não terem permitido a entrada do marido dela na sala de parto. Ela também fez um chamamento: “Eventos como este são importantes porque a gente acaba muito presos à campanha de conscientização e ações afins. Mas o que precisamos mesmo é ir para a parte prática”

Neste contexto, o vereador Andrey Azeredo lembrou de um projeto de sua autoria, já aprovado em primeira votação, em que estabelece, por meio da Prefeitura de Goiânia, políticas públicas em defesa e valorização das mulheres na Capital.


Ao final, a advogada Valéria Mori também fez um alerta importante sobre a dificuldade em se ter acesso a determinados dados em hospitais e órgãos de saúde que comprovem casos de violência obstétrica. “Não se faz boas políticas públicas sem este tipo de informação”, lamentou. (Informações e foto da Assessoria do vereador).