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Encontro em defesa da mulher movimenta Câmara Municipal

por Manuela-qi — publicado 30/03/2017 17h25, última modificação 30/03/2017 17h42
Encontro em defesa da mulher movimenta Câmara Municipal

Foto: Eduardo Nogueira

A Câmara Municipal de Goiânia realizou, nesta quinta-feira, 30, o "Encontro em defesa e valorização da mulher" para combater a cultura do machismo e debater as várias formas de violência. O Auditório Carlos Eurico ficou lotado de pessoas que foram assistir às palestras das vereadoras da Casa Dra. Cristina, Tatiana Lemos, Priscila Tejota, Sabrina Garcêz e Léia Klébia e das autoridades convidadas.

O Encontro foi o primeiro de uma série de eventos mensais previstos até dezembro como parte da campanha "Não Vai ter Psiu!”, criada em prol da valorização da mulher e lançada pela Presidência da Câmara no último 1º de Março. Em sua fala de abertura, o Presidente da Casa, vereador Andrey Azeredo, saudou as vereadoras e elogiou o empenho delas em defesa das mulheres, agradeceu a participação das três convidadas, destacou a importância da participação masculina na luta pela igualdade de direitos entre os gêneros e no combate à violência e conclamou os presentes a contribuírem para a mudança de comportamento. “É tempo de desconstruir a cultura machista que vigora até hoje. Lugar de mulher é onde ela quiser e todas merecem respeito”, afirmou.

Durante as duas horas do evento foram expostos temas relevantes para a causa feminina como a Lei Maria da Penha e as fronteiras da violência, que ultrapassam os lares e os locais de trabalho, além das ações de instituições públicas como a Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, as delegacias especializadas, o Ministério Público (MP) e a Guarda Municipal, dentre outros.

A promotora Rúbian Corrêa, da 63° Promotoria do MP de Goiás, elogiou a iniciativa da campanha “Não Vai ter Psiu!”, discorreu sobre a importância de se capacitar e oferecer suporte para as mulheres interessadas em entrar para a política com a publicação de uma cartilha específica, citou áreas nas quais é preciso avançar, tais como aumentar a quantidade de mulheres nos cargos de chefia mais altos em todas as áreas, a liberação do aborto, o fim da violência, a igualdade salarial, o reconhecimento dos direitos femininos em todo o Planeta e a divisão das tarefas domésticas.

Para Rúbian Corrêa, “a Lei Maria da Penha fez aparecer a violência escondida, ajudou a romper o ciclo do silêncio e temos que ajudar essas mulheres que buscam socorro. O que podemos oferecer para elas em termos de políticas públicas, de serviços? Essa é uma preocupação muito grande. Quanto ao assédio moral e sexual no trabalho, tanto o homem quanto a mulher podem ser vítimas, mas o fato é que 70% dos casos são contra as mulheres e a mulher negra é a que mais sofre todos os tipos de violência. Tudo isso gera consequências psicológicas e físicas graves e são atos feitos para humilhar e destruir a auto estima da mulher e isolá-la”,

Depois foi a vez da palestra da psicóloga Rosana Moura da Secretaria Municipal de Políticas Para As Mulheres. Ela trabalha no Centro de Referência Cora Coralina (CRCC), um espaço da Prefeitura que oferece atendimento psicológico, social e jurídico às mulheres. “Trabalhamos com uma equipe multidisciplinar com psicólogos, assistentes sociais e a área jurídica. Uma coisa que sempre repito é que os sinais de conduta violenta são perceptíveis e é fundamental reconhecê-los. Toda violência é psicológica e é importante perguntar a si mesma: pra quê? Pra quê estou nessa relação? Pra quê isso acontece? A violência é um ganho pra dominação, pro poder, e ela começa com a sedução e o encantamento. Somos todos iguais e temos defeitos, não existem príncipes nem princesas. A mulher tem que estar atenta, não se deixar isolar, não acreditar em discursos vazios, não se afastar da família, dos amigos, do trabalho e do convívio social. E lembrar que atos de violência física quando não são denunciados tendem a aumentar, por isso é vital buscar ajuda”, argumentou.

As vereadoras também ministraram palestras em defesa e valorização da mulher. Sabrina Garcêz abordou a igualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho. "Ainda há uma desigualdade muito grande e nós precisamos combater isso. As mulheres merecem o mesmo respeito e o mesmo espaço", afirmou. 

Tatiana Lemos apresentou o mapa da violência contra a mulher. Segundo ela, apesar de, na Constituição, homens e mulheres terem mesmo direito, na realidade é bem diferente. "13 mulheres são mortas, por dia, no Brasil, vitimas de violência, então, o mapa da violência brasileiro é chocante. Somos o quinto país mais violento do mundo, por isso a importância de eventos como este, pra dizer basta!".

Léia Klebia explicou a diferença entre ser valente e ser violento. "O homem violento é aquele que agride e não respeita, já o valente é aquele que respeita e entende as mulheres. Esse evento é importante para não somente nós sairmos conscientizadas mas os homens também", destacou.

Dra. Cristina citou a experiência vivida de violência doméstica ."Nós precisamos construir uma sociedade e uma família equilibrada com harmonia. Não é possível alguém dizer que te ama e te bater, te oprimir. É hora de pensar, o que eu posso fazer pra construir uma sociedade onde há amor e harmonia".

A vereadora Priscila Tejota não conseguiu fazer a apresentação porque um projeto de sua autoria estava sendo votado em plenário, mas defendeu a maior participação das mulheres na política. "Hoje, na mais alta Corte Eleitoral, temos uma maioria feminina. Nos cargos eletivos, ainda temos pouco, cerca de 10% de representação. Acho que ainda precisamos caminhar um pouquinho no Poder Legislativo e Executivo".