Você está aqui: Página Inicial / Sala de Imprensa / Notícias / CEI da Enel: especialista em energia faz análise sobre atuação da empresa

CEI da Enel: especialista em energia faz análise sobre atuação da empresa

por Guilherme Machado publicado 05/10/2021 20h05, última modificação 05/10/2021 20h05
CEI da Enel: especialista em energia faz análise sobre atuação da empresa

Foto: TV Câmara

A reunião desta terça-feira (5) da Comissão Especial de Inquérito (CEI) que investiga irregularidades no serviço prestado pela Enel à cidade de Goiânia contou com a participação, por videoconferência, do professor Gilberto Carlos Cervinski, que é especialista em energia e sociedade no capitalismo contemporâneo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e mestrando em energia pela Universidade Federal do ABC (UFABC). 

Gilberto fez um levantamento crítico sobre como é calculada a tarifa de energia elétrica no Brasil, dizendo que, apesar de ter um dos menores custos para produzir energia no mundo, por grande parte dela vir de hidrelétricas, o país tem uma das tarifas mais caras do mundo. Ele fez um comparativo com o Canadá, que possui matriz energética parecida com a nossa, mas um custo de produção de quase metade o da daqui. 

Ele explicou que a Enel é originária da Itália e que tem o governo italiano como um dos acionistas, mas a maior parte da empresa é formada por fundos compostos por vários bancos internacionais. Segundo ele, desde que a Enel assumiu a concessão em Goiás, a empresa tem aumentado o endividamento por meio da instituição financeira do próprio grupo, localizada na Itália. Dessa forma, a segunda empresa lucra com as oscilações do câmbio e com os juros da dívida. Gilberto disse que isso é comum na maior parte das concessionárias privadas de energia do país, que também têm como donos os grandes bancos. 

“A lógica deles é extrair o máximo de lucro, acima da média mundial, e remeter os dividendos para a matriz, além de endividar ao máximo as empresas para ter, além do lucro líquido, o dinheiro dos juros. Quanto mais a empresa se endivida, mais juro ela dá, e é isso que o banco que empresta quer, já que a matriz é chefiada pelos bancos internacionais. Eles são os donos da própria dívida.” 

“Todo tipo de custo gerenciável e não gerenciável é transferido integralmente nas contas de luz e em forma de aumento futuro para a população, seja em forma de investimento ou em forma de juros do investimento”, completou Gilberto. Isso, segundo ele, se reflete na tarifa de energia em Goiás, que subiu mais de 30% acima da inflação desde quando a Celg foi privatizada. 

Prorrogação 

Na manhã de hoje, durante a sessão plenária, os vereadores aprovaram a prorrogação por mais 120 dias da duração da CEI da Enel. 

Em virtude dos recentes cortes de energia e da demora na religação por conta do início das chuvas e de uma forte ventania que atingiu Goiânia na última sexta (1), o presidente da CEI, Mauro Rubem, afirmou pela manhã que será preciso estender as oitivas para incluir esses fatos novos na investigação. 

Já durante a tarde na reunião da CEI, Mauro disse que uma das sugestões que deverá ser incluída no relatório final da CEI é a obrigação de a Enel regularmente prestar contas à Câmara sobre o serviço oferecido em Goiânia, na mesma forma como é feita a prestação quadrimestral do prefeito e do secretário municipal de saúde. 

O presidente avisou que, por causa do feriado do dia 12, a reunião da CEI da próxima semana será excepcionalmente na quinta (14), às 14 horas.