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Ex-dirigentes da Comurg são ouvidos na CEI das Contas da Prefeitura

por Guilherme Machado publicado 23/08/2017 19h57, última modificação 23/08/2017 19h57
Ex-dirigentes da Comurg são ouvidos na CEI das Contas da Prefeitura

Foto: Marcelo do Vale

A Comissão Especial de Inquérito (CEI) das Contas da Prefeitura, que investiga irregularidades nas gestões públicas entre os anos 2008 e 2016, recebeu na tarde desta quarta-feira, 23, dois ex-dirigentes da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). Paulo de Tarso Batista foi presidente e Paulo César Fornazier, ex-diretor administrativo, entre janeiro de 2013 e janeiro de 2014, durante a administração do ex-prefeito Paulo Garcia. 

O relator da comissão, vereador Jorge Kajuru (PRP), começou apresentando um fato investigado pelo Ministério Público estadual, que apurou que a Comurg teve um aumento de quase 300% nas despesas com folha de pagamento durante o período investigado pela CEI sem que houvesse investimento na melhoria dos serviços que justificasse o grande aumento. Perguntado se concordava com a afirmação, Paulo de Tarso respondeu que “em parte, sim”. “A empresa chegou ao estágio que chegou por falta de investimento, de um plano de negócio, de um planejamento estratégico”, disse.

Quanto ao inchaço da folha de pagamento, afirmou que outros problemas na empresa tiveram prioridade durante a sua gestão. “Confesso que os problemas eram tantos que eu não me preocupei em fazer um estudo sobre a folha de salários”. Já Fornazier, culpou o excesso de ações trabalhistas contra a Comurg para o aumento dos gastos com pessoal, pois a empresa foi absorvendo ao longo dos anos os funcionários saídos de outras empresas municipais que foram fechadas, o que também contribuiu para o número elevado de servidores hoje empregados. 

A Comurg tem cerca de 9 mil funcionários, deles sendo 3.859 servidores comissionados. O ex-presidente negou que a empresa seja um cabide de empregos e que a quantidade se justifica pelos vários serviços prestados por ela. “O pessoal que é contratado lá, trabalha. Muitos servidores também ficam à disposição e trabalham em outros órgãos da Prefeitura.” Questionado sobre a existência de influência política na indicação de cargos, ele confirmou que ela ocorre, mas não soube dizer quais cargos tinham ligações com indicações externas, alegando que elas são solicitadas ao Paço, que as autorizam. 

Quanto às denúncias contra os dois ex-dirigentes feitas pelo Ministério Público com base em irregularidades encontradas pelo Tribunal de Contas dos Municípios, Paulo de Tarso disse que está tranquilo e que os equívocos serão esclarecidos pela Justiça. “Quando se é gestor, você toma as decisões baseadas em análises e orientações colegiadas, mas quando dá um problema lá na frente, só você que assinou que responde, mesmo estando embasando em definições técnicas e jurídicas feitas por outras pessoas”, argumentou 

Mutirama 

Durante a passagem dos dois dirigentes pela Comurg, o Mutirama empregou 85 funcionários da companhia em cargos comissionados. Muitos deles eram funcionários da empresa Ita Center Park e foram contratados para operarem brinquedos, contrariando a norma constitucional que limita os cargos em comissão para funções de direção, chefia e assessoramento. 

No dia 7 deste mês, o ex-diretor do parque, Jair Gomes, disse à CEI que não sabia de onde vinham os funcionários e que apenas os recebeu após nomeação feita pelo ex-prefeito Paulo Garcia. O ex-presidente da Comurg negou essa versão dizendo que Jair Gomes lhe pediu funcionários para reabrir o Mutirama mais rapidamente após uma reforma, pois caso contrário, atrasaria em até 120 dias por causa do treinamento que teria de ser feito. Paulo César acrescentou que o ônus da contratação foi do Mutirama. “A Comurg não gastou um centavo”, afirmou. 

Parque Atheneu 

O vereador Carlin Café (PPS) apresentou uma denúncia apontando ilegalidade em leilões de áreas pública originalmente destinadas a construção de equipamentos públicos no Parque Atheneu. Ele apurou que o senhor Alderito Nogueira da Silva arrematou em 2009 duas áreas construídas com cerca de 4 mil metros quadrados como se fossem terrenos vazios, uma no valor de R$ 105 mil e outra por R$ 52 mil. Nos locais estão construídos um posto de saúde, que a Prefeitura paga aluguel pelo uso do prédio, e uma escola. Carlin Café relatou que o comprador registrou a primeira área no final do ano passado, apontando que, além da Prefeitura, há indícios de irregularidade por parte também do cartório que fez o registro. 

O presidente da CEI, Zander Fábio (PEN), em conjunto com os demais membros presentes – Jair Diamantino (PSDC), Jorge Kajuru, Priscilla Tejota (PSD) e Tiãozinho Porto (PROS) – decidiu que os fatos serão investigados pela CEI, pois ocorreram no período que abrange a investigação, e que o envolvido será convocado para falar à comissão.