Ex-presidentes e assessor da CMTC não comparecem a reunião da CEI dos Transportes
Na reunião ocorrida na Sala das Comissões esta tarde, os convidados esperados para dar explicações à Comissão Especial de Inquérito (CEI) que investiga as irregularidades no transporte público da capital não compareceram. São eles dois ex-presidente da Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC), Marcos Massad e Murilo Ulhôa, e o assessor jurídico da companhia, Wladimir Vieira.
Convidados desde a reunião de 18 de abril, Ulhôa não foi localizado porque não foi encontrado nos endereços que a comissão conhecia e Wladimir recusou a receber o convite alegando erro de grafia em seu nome. Clécio fará novamente os convites para a próxima reunião – sexta-feira, 5 de maio – e, caso não compareçam, serão convocados a comparecer de forma coercitiva. Este é um dos instrumentos legais que as comissões de inquérito têm à disposição para realizar o trabalho de investigação.
A comissão quer ouvir o assessor jurídico para saber detalhes da atuação dele em favor das empresas de ônibus quando de uma autuação feita pelo Ministério Público estadual em 2015. “A atuação foi fora de sua competência, como funcionário da CMTC, e foi a mando do ex-presidente Murilo Ulhôa”, disse o presidente da CEI, Clécio Alves (PMDB).
Suposta greve
Participando como convidado, o vereador Jorge Kajuru (PRP) denunciou que dirigentes das empresas de ônibus fizeram uma reunião secreta nesta quinta, 27, com motoristas de ônibus exigindo que eles façam greve neste domingo e segunda-feira, 30 de abril e 1º de maio. “O interesse dos donos das empresas com esta greve é jogar a classe de motoristas contra o trabalho desta CEI porque é óbvio que não houve aumento de tarifa até agora por causa do nosso trabalho”, disse Kajuru. A justificativa dada pelos patrões, segundo o vereador, é a necessidade de aumentar a tarifa para a manutenção dos empregos e salários.
Explicações técnicas
Antenor Pinheiro atendeu ao convite dos membros da comissão para falar de aspectos técnicos do transporte público de Goiânia. Ele é coordenador da regional da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), foi superintendente municipal de trânsito da capital e já viajou a vários países para conhecer os diversos modelos de transporte público existentes mundo afora.
Para ele, o marco regulatório da Rede Metropolitana de Transporte Coletivo é o mais avançado e copiado por outras capitais do país, e a tecnologia usada aqui para controlar o tráfego dos ônibus tem “nível europeu”. Outros pontos elencados como importantes foram o sistema de bilhetagem eletrônica e a cobrança de tarifa única em toda região metropolitana.
Mesmo tendo estas qualidades, o transporte público em Goiânia é ruim por causa da má gestão, segundo Antenor. “Há quatro anos, a CDTC – Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos – vêm se reunindo apenas uma vez ao ano, para discutir o aumento da tarifa, sendo que ela deveria se reunir continuamente para discutir as políticas públicas e melhorar a prestação do serviço.”
A infraestrutura ruim da cidade colabora para a lotação dos ônibus e o atraso das linhas. “Não faltam ônibus, faltam condições para os que estão aí cumpram os horários das viagens”, disse. Para ele, estudos feitos mostraram que a região metropolitana deveria ter 220 quilômetros de pistas preferenciais e exclusivas para ônibus, mas atualmente só conta com 32, demonstrando um receio do Poder Público de enfrentar a cultura do automóvel. Somado a isso, tem a não punição de motoristas de veículos individuais que atrapalham os ônibus parando em frente a pontos e trafegando nas pistas reservadas, o que faz a velocidade média dos coletivos serem a metade do desejável: 10 Km/h contra 20 km/h, no mínimo.
Com tantos problemas, o transporte coletivo em Goiânia vem perdendo 6% de passageiros por ano ao longo dos últimos oito anos. Eles buscam o transporte individual, que oferece mais rapidez e conforto. Isso gera mais um problema para a manutenção do sistema, pois ele é mantido integralmente pelos usuários. Antenor defendeu que as prefeituras subsidiem a tarifa, assim como ocorre na cidade de São Paulo, o que poderia diminuí-la em até 19% do valor atual.