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Gerente da Cargill e presidente da Amma são ouvidos pela CEI do Mau Cheiro

por Patrícia Drummond publicado 18/04/2018 21h05, última modificação 19/04/2018 17h45
Gerente da Cargill e presidente da Amma são ouvidos pela CEI do Mau Cheiro

Foto: Marcelo do Vale

A Comissão Especial de Inquérito (CEI) do Mau Cheiro encerrou nesta quarta-feira (18), na Câmara de Goiânia, as suas oitivas com os depoimentos do presidente da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), Gilberto Martins Marques Neto, e do gerente responsável pela empresa Cargill em Goiás, Renzo Rosa Reis. Ambos compareceram à reunião, realizada na Sala das Comissões, acompanhados de assessores de diferentes áreas. Participaram das oitivas os vereadores Cabo Senna (PRP), presidente da CEI; Lucas Kitão (PSL), relator; e Anselmo Pereira (PSDB), co-relator; além dos membros da Comissão, Gustavo Cruvinel (PV), Léia Klébia (PSC) e Welington Peixoto (MDB).

Na abertura dos trabalhos, o vereador Cabo Senna mencionou uma série de respostas oficiais recentes obtidas pela CEI acerca do problema do mau cheiro na Região Norte, de órgãos como a Amma, a Procuradoria Jurídica da Câmara e o Ministério Público Estadual (MP-GO), dentre outros. O parlamentar também comemorou uma decisão do Tribunal de Justiça (TJ-GO), datada do último dia 10 de abril, em favor do Município para que, enfim, a Cargill possa voltar a ser fiscalizada e autuada – a despeito de liminares conquistadas anteriormente, pela empresa, que impediam qualquer ação da Amma, nesse sentido, até que tudo fosse julgado.

“A Amma tem feito um monitoramento constante na Região. A Cargill já foi diversas vezes notificada e autuada; a Saneamento de Goiás (Saneago) tem um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) a cumprir e a Prefeitura continuará fazendo a sua parte”, assegurou o presidente da Amma, Gilberto Marques. “Temos, sim, maiores responsáveis por estarem ali instalados, mas sabemos que um rio como o Meia Ponte tem diversos lançamentos irregulares que contribuem para a situação de mau cheiro investigada por essa CEI”, acrescentou.

Provocado pelo vereador Anselmo Pereira – que questionou a “fragilidade” do Município pelo fato de não contar, ainda, com uma lei ambiental a sustentar as suas ações na área -, o presidente da Amma informou: um projeto está sendo construído e deverá ser encaminhado em breve à Câmara, para que seja discutido e aprovado paralelamente ao Plano Diretor. Anselmo também questionou Gilberto Marques sobre a atual medição dos odores, em Goiânia.  Assessorado por técnico de monitoramento ambiental, o presidente da Amma admitiu não existirem equipamentos técnico-científicos para a realização do trabalho, feito, hoje, a partir de informações coletadas junto às próprias empresas fiscalizadas.  

Cargill

Renzo Rosa Reis, gerente da Cargill em Goiás, informou aos membros da CEI do Mau Cheiro que responde pela empresa há um mês e meio, vindo de Minas Gerais. Em seu depoimento, ele contou com o suporte da gerente de Meio Ambiente, Karen Cristina Volpato, e do gerente Jurídico, Gustavo Henrique dos Santos – ambos também residentes fora do Estado. Santos fez questão de esclarecer que Cargill e Unilever são empresas distintas, separadas: “Nós, da Cargill, assumimos a planta de Goiânia apenas em 2011; portanto, não podemos responder por processos, autuações ou multas anteriores a esse período”, argumentou o gerente jurídico, referindo-se às liminares e ações com data a partir de 2006 até 2010.

Sobre o trabalho desenvolvido pela empresa na Região Norte da Capital, propriamente dito, e apontado como um dos grandes fatores do mau cheiro, Renzo Reis afirmou que a Cargill criou – dentre outros investimentos - um Programa de Monitoramento Ambiental de Odores, adquirindo o equipamento importado Nasal Ranger, indicado para esse tipo de atividade, e, também qualificando equipe de funcionários para as medições. Os resultados são, segundo ele, reportados aos órgãos responsáveis. “Foram mais de 4,6 mil medições ao longo de 2017, todas reportadas à Secima”, disse.

“Temos ciência do mau cheiro; estamos abertos para parcerias e na busca por soluções que possam minimizar o problema. Contudo, posso garantir que todos os efluentes lançados pela Cargill são tratados, estão dentro dos padrões exigidos pela lei. Nós fomos e somos fiscalizados ao longo dos últimos anos diversas vezes, por ambas as agências”, completou, sustentando que os investimentos com a Estação de Tratamento da Cargill, para mitigar possíveis danos ambientais na área chegaram a R$1,6 milhão – a CEI solicitou à empresa o envio oficial dos dados para anexar ao relatório final.

Relator da Comissão Especial do Mau Cheiro, o vereador Lucas Kitão questionou os representantes da Cargill sobre o cumprimento dos TACs assinados com o MP-GO e ressaltou que, mais importante que cobrar financeiramente de uma multinacional, é cobrá-la tecnicamente. “Não é porque é uma empresa grande que temos de falar em dinheiro. Acho que é muito mais proveitoso exigir que a empresa cumpra as exigências técnicas que estão na licença; a Amma tem uma Portaria para isso”, considerou. “Não é ruim a empresa ser produtiva, pois ela contrata mais gente, pode gerar mais empregos e renda”, ponderou, solicitando à empresa que contrate goianienses, que compre e invista no Município, naquilo que for possível.  

Para a próxima quarta-feira, 25 de abril, às 15 horas, a CEI do Mau Cheiro já deixou marcada uma visita dos membros à sede da Cargill para conhecer de perto o trabalho da empresa. Kitão pediu 15 dias antes de a Comissão votar o relatório final, a ser apresentado por ele, e reiterou o pedido para que, nesse período, seja feita, também, a visita para verificar o início das obras da estação secundária de tratamento de esgoto da Saneago. Toda a agenda foi votada e aprovada pelos membros da CEI.