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Goiânia terá programa de assistência a portadores de anemia falciforme

por Guilherme Machado publicado 16/08/2016 16h20, última modificação 16/08/2016 16h20

Os vereadores da Câmara Municipal de Goiânia aprovaram projeto de lei que cria o programa de assistência integral às pessoas portadoras de hemoglobinopatia S ou anemia falciforme. 

“A anemia falciforme é uma das enfermidades genéticas e hereditárias mais comuns no mundo”, diz o autor do projeto, vereador Carlos Soares (PT). Os portadores da doença não herdam dos pais a hemoglobina - pigmento que dá a cor vermelha ao sangue - do tipo A. Em seu lugar, produz a hemoglobina S, que não oxigena bem os tecidos e órgãos devido à forma de meia lua ou foice - por isso falciforme - em vez de ter a forma redonda das hemácias normais. Essas células defeituosas têm dificuldade de passar pelas artérias ocasionando o entupimento, consequentemente muitas dores, e provocando anemia que não se corrige nem com alimentação nem com a ingestão de ferro. 

A mutação que configura a anemia falciforme teve origem no continente africano e pode ser encontrada em populações principalmente da África, Arábia Saudita e Índia. No Brasil, devido à grande miscigenação, a doença expandiu tornando-se parte de um grupo de doenças relevantes que não é restrita apenas à população negra. 

Os portadores de Hemoglobinopatia S sofrem crises de anemia dolorosas, variando de gravidade e de tipo conforme a faixa etária. Os bebês têm mais infecções e dores com inchaço nas mãos e nos pés. Nas crianças maiores, as dores estão mais localizadas nas pernas, nos braços e na barriga. Alguns doentes podem ter derrames cerebrais com lesões graves e definitivas. As crianças apresentam palidez e geralmente “o branco dos olhos” amarelado, sintoma chamado icterícia. 

Nos adultos, as crises mais frequentes também são de dores nos ossos e complicações devido a danos ocorridos ao longo da vida em órgãos importantes como fígado, pulmões, coração e rins. Também é comum o aparecimento de feridas nas pernas devido à cicatrização mais difícil. 

O diagnóstico é feito por meio do Teste do Pezinho nos primeiros dias de vida da criança ou pela eletroforese de hemoglobina, feita em qualquer idade. A anemia falciforme é grave e, se não devidamente diagnosticada e tratada, pode ocasionar a morte. 

O projeto de lei aprovado em segunda e última votação na manhã de hoje (16) determina que seja criado um grupo de trabalho com a participação de técnicos da área da saúde, integrantes do Movimento Negro e da Associação de Portadores de Anemia Falciforme do Estado de Goiás. Todos auxiliarão na condução do projeto com o objetivo de por em prática a política de assistência.

Após a sanção da lei pelo prefeito Paulo Garcia, ficará assegurado o exame de eletroforese de hemoglobina gratuito para qualquer cidadão em todos os postos de saúde e hospitais municipais, bem como os demais exames a serem realizados após o diagnóstico da doença, e o acesso aos medicamentos que compõe a rotina do tratamento da doença. 

Também deverá ser criado um cadastro de informações e acompanhamento dos portadores da anemia falciforme. A notificação dos casos positivos deverá ser encaminhada à Secretaria Municipal de Saúde por todas as maternidades, hospitais e congêneres, laboratórios de análises clínicas e demais serviços de saúde.