Leia Klébia discute segurança nas escolas em audiência pública
Na tarde desta quarta (27), a presidente da Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia, vereadora Leia Klébia (PSC), comandou uma audiência pública para discutir a segurança nas escolas, com a presença de representantes da segurança pública, de escolas, pais de aluno e entidades de educação. Acompanharam também os vereadores Emilson Pereira (PODE) e Oseias Varão (PSB). Leia abriu a audiência apresentando índices alarmantes de acidentes envolvendo jovens e armas de fogo. Segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Pediatria, a cada 60 minutos, uma criança ou adolescente morre por arma de fogo no Brasil. “A arma muitas vezes é facilmente encontrada pelo jovem dentro de casa, podendo levá-la para a sala de aula. Infelizmente o fácil acesso às armas de fogo por crianças e adolescente vem crescendo muito e, a entrada delas nas escolas, nos fazer acender um grande alerta”, afirmou.
Ela destacou outro problema: a violência sofrida pelos educadores, que acabam trabalhando em condições de estresse e medo, provocando afastamentos que prejudicam o ensino. “Segundo levantamento recente da Organização para a Cooperação de Desenvolvimento Econômico, OCDE, envolvendo mais de cem mil professores e diretores de escolas de segundo ciclo do ensino fundamental e médio do Brasil, cerca de 12,5% dos professores já foram vítimas de agressão verbal ou intimidação de alunos ao menos uma vez por semana”, apontou a vereadora.
O comandante operacional da Agência da Guarda Civil Metropolitana (GCM), Wellington Paranhos, foi questionado por Leia quanto ao baixo número de guardas para monitorar as escolas, cerca de um para cada duas. Ele explicou que, atualmente, existem 1351 agentes na GCM, sendo que 902 trabalham na operacionalidade divididos em quatro turnos. Devido a guarda ser armada, um agente não pode ficar sozinho. Com isso, cerca de 180 a 188 guardas ficam disponíveis para fazer o monitoramento das escolas. “Não conseguimos cobrir nem cem unidades escolares, o que corresponde a menos de um terço do total”, disse. Ele lembrou que a GCM está presente em vários locais sob responsabilidade do Poder Executivo municipal e também no Legislativo. “Por isso não conseguimos atender completamente a Secretaria Municipal de Educação”, concluiu. O último concurso para guarda civil foi realizado em 2005. Segundo Wellington, seriam necessários mais de sete mil agentes para cobrir todos os locais, contudo a legislação permite 3236, no máximo.
Acácia Aparecida Bringel, presidente do Conselho Municipal de Educação, afirmou que, para enfrentar a proliferação da cultura de ódio, um dos fatores causadores da violência entre jovens, é preciso garantir opções de cultura e lazer, fazendo que os eles não fiquem tão restritos às mídias, especialmente digitais. “É preciso questionarmos o que a cidade tem a oferecer nesse sentido para os jovens”, afirmou ela.
O diretor do Colégio Estadual Jornalista Luiz Gonzaga Contart, Adilton Nogueira Filho, participou da audiência acompanhado de alunos da instituição, que lotaram o Auditório Carlos Eurico. Ele propôs que haja a unificação das ações policiais em prol da segurança nas escolas nos alguns locais em que haja instituições municipais e estaduais próximas umas das outras. “Por uma questão de legalidade, muitas vezes a guarda civil não pode ir à escola estadual que está tendo algum problema e o batalhão escolar não pode dar suporte à escola municipal.”
Diego Monteiro Silva, que é presidente do Conselho de Diretores das Escolas Municipais e Cmeis de Goiânia (Condir), defendeu o uso obrigatório de uniforme nas escolas municipais. “O poder público municipal precisa se convencer de que o uniforme é um fator de segurança porque ele é um indicador para as forças de segurança, que podem atuar de forma especial quando estudantes são identificados.”
Para Jonatas de Macedo Souza, representante dos pais de alunos da rede municipal de ensino de Goiânia, uma das causas da violência nas escolas ocorre devido a muitos pais “terceirizarem” a educação dos filhos para a escola. “Isso acaba pesando sobre as instituições porque alguns requisitos fundamentais da educação dos filhos são de competência primordial dos pais, não do professor. Quando isso acontece, é ele que tem que dizer ‘não’ e impor limites. Esses alunos acabam se revoltando contra os professores, que vão perdendo a autoridade e se tornando ‘reféns’.”
Já secretária-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), Ludmylla Morais, criticou a militarização de escolas como solução para violência. “Esse é um projeto que atesta a ineficiência do Estado, pois se a segurança pública desse conta do trabalho dela, se a escola desse conta de ensinar com qualidade, se a secretaria de cultura e lazer oferecesse essas duas coisas apropriadamente, se a assistência social estivesse monitorando as crianças e os adolescentes, sobretudo os menores infratores, ou seja, se todos estiverem fazendo suas funções, tudo iria funcionar.”