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Lixo Zero em Goiânia é tema de audiência realizada nesta sexta

por Quezia de Alcântara publicado 09/07/2021 18h33, última modificação 09/07/2021 18h33

O vereador Mauro Rubem (PT) realizou hoje, 9, audiência pública para discutir sobre o Lixo Zero. De forma híbrida, a reunião contou com a presença de cerca de 100 pessoas na sala de zoom e outras, no plenário da Casa.

Mauro Rubem afirmou que Goiânia produz mais de um milhão de toneladas de lixo por dia e que com um novo manejo pode se tornar recursos, pois se gasta R$ 40 milhões ao ano com a coleta e aterro.

Ele ressaltou que o objetivo da audiência é “formatar um projeto para que a cidade se torne uma capital com lixo zero, visando gerar processos para que o volume de toxidade do lixo que a população produz, além de conservar e recuperar os recursos naturais sem usar os meios de incineração ou aterramento”.

O promotor de justiça da 18ª Vara Ambiental do MP-GO, Juliano de Barros Araújo, participou da audiência. Ele é responsável por uma série de ações naquela entidade e relembrou a Lei 12.305/10 sobre a gestão dos resíduos sólidos e o descarte do lixo, que para ele, “não é lixo, mas uma forma de movimentar uma economia circular em que a destinação certa dos resíduos, gera riquezas, empregos”.
O professor Edward Madureira representou diversos educadores da Universidade Federal de Goiás das áreas de engenharia ambiental, agronomia. Ele informou que a universidade está desenvolvendo um pólo de sustentabilidade e geração de renda, com várias iniciativas, como produção de fertilizantes orgânicas, moinho para reciclar vidro, produção de biodiesel, e queremos implantar usina para processamento de plásticos, e até geração de energia a partir do reaproveitamento do lixo.

 LIXO QUE NÃO É LIXO

A embaixadora e certificadora do Instituto Lixo Zero Brasil, Raquel Pires Sales, falou sobre a necessidade de consciencialização porque cada pessoa produz um quilo de lixo por dia. “Precisa reduzir, não ter que gerar para não ter que tratar, porque é possível aproveitar 100% desses resíduos. O princípio vem disso, que você diminua o seu consumo, que você não consuma coisas que você não precise tanto. O lixo zero diminui despesas aos cofres públicos, gerar emprego e renda, melhoria da qualidade de vida, diminui doenças, reduz efeitos de efeito estufa”, falou.

O lixo em si tem um valor não somente financeiro, que famílias vivem dele. Não é só problema de meio ambiente, mas estar em contato com o humano, porque a nossa cidade é considerada a mais arborizada, Mas precisa ser também uma cidade que se preocupa com o lixo que produz, somente 10% dos resíduos é quie deveriam ir para o aterro sanitário, mas estamos levando 90%. Precisamos pensar em não consumir, como sacolas plásticas que vão voltar para o meio ambiente. O lixo precisa ser tratado de forma interdisciplinar dando uma ressignificação. Hoje o que temos de reciclagem em Goiânia, vem dos catadores, que tem um papel fundamental na sociedade, apesar de serem invisibilizados”, ressaltou o também embaixador do Instituto Lixo Zero, Filemon Tiago.

O presidente do Lixo Zero do Brasil, Rodrigo Sabatini, explicou da necessidade de educação ambiental no país, para que se ensine o que é lixo, rejeito, e o que é resíduo, o que precisa haver conscientização e reflexão. “Todo o sistema foi feito para a coleta de lixo, do rejeito em não para a coleta e destinação do resíduo que representa 98% do que se recolhe e desperdiça. O que precisa é evitar o desperdício e o envio ao aterro sanitário de toda forma para mudar a forma de consumo, de produção e de reaproveitamento”, reafirmou.

O presidente da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), Alex Gama, enumerou as ações da companhia, entre elas, a coleta e destinação final de resíduos, mas também ações de urbanismo como a limpeza urbana, mas que estão em planejamento 25 projetos para serem implantados na cidade por meio da Comurg. Adiantou que irá designar um gestor para interagir com as 14 cooperativas para realização de diagnóstico para atender demandas dos coletadores de materiais recicláveis.

 COMPOSTAGEM

O professor Germano Güttler, do Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), criador do projeto Lixo Orgânico Zero em Lages, contou sobre o projeto de compostagem implantado naquele município. O percentual de orgânicos no aterro sanitário é de 21%, o menor do Brasil e em recicláveis, 24%. O custo por habitante é 40% abaixo da média nacional e 50% do apresentado pela Comurg em Goiânia. O cidadão lajeaneano paga R$65,00 por ano, 50% a menos que o cidadão goianiense que paga R$130, pelos custos de coletagem de resíduos, destinação correta e destinação final. Resolvemos 60% dos rejeitos orgânicos e 50% dos recicláveis e será a cidade”.

É um programa barato e se avaliar que Goiânia gasta de R$45 a 50 milhões por ano com todo o processo e não gastaria nem R$1 milhão para implantar esse projeto na cidade de Goiânia, o que geraria cerca de R$ 70 milhões por ano de recursos deixando de jogar esse dinheiro para o lixo”.

O Lixo Orgânico Zero em Lages é baseado em um projeto de extensão, iniciado da universidade em 2013 pelo professor Germano Güttler, envolvendo, escolas públicas, residências e instituições, em torno da mini-compostagem dos resíduos orgânicos. Em 2018, o projeto de extensão se tornou público, através da parceria com a Prefeitura de Lages.

COOPERATIVAS

A presidente da Central Uniforte (Central de Trabalhadores dos Catadores de Materiais Recicláveis), Dulce Helena do Vale, relatou que está havendo concorrência das cooperativas de catadores com grandes empresas que estão coletando e levando para o aterro os produtos. “O lixo virou ouro e a corrida de empresas está fazendo uma concorrência desleal e a diminuição dos resídios para os catadores”, contou adicionando que os cooperados precisam de estruturação dos galpões para terem um local adequado e que o poder público faça uma desburocratização da documentação, além de apoio da Prefeitura que deveria valorizar o trabalho dos catadores que tiram resíduos, diminuindo o trabalho dos coletores. Também pediu que as cooperativas sejam ouvidas quando houver a criação de projetos que vão impactar na vida e no trabalho dos cooperados.

Também estiveram presentes, os vereadores Izídio Alves (MDB), Edgar Duarte (PMB) e Joãozinho Guimarães (SDD), o presidente da Amma, Luan Alves, engenheiro ambientalista André Baleleiro, do programa Compor de Extensão Universitária da UFG e a reitora eleita da UFG, Sandramara Chaves.