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Não Vai ter Psiu: violência obstétrica é tema de mais uma edição do evento em Goiânia

por Patrícia Drummond publicado 22/05/2019 17h10, última modificação 22/05/2019 17h11

É direito da gestante ter pelo menos um acompanhante de livre escolha durante todo o trabalho de parto, parto e pós-parto. Está na Lei 11.108/2005, que muitas vezes é descumprida. A ação no momento expulsivo do parto conhecida como manobra de kristeller é considerada inadequada pelo Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde. Mas muitas mulheres têm costelas quebradas e vários outros problemas decorrentes da manobra realizada para acelerar a saída do bebê durante o parto. Esses assuntos serão levantados durante a 15º edição do “Não Vai Ter Psiu”, a ser realizado no próximo dia 27, na Universidade Salgado de Oliveira, a partir das 8 horas.

Dessa vez, o tema do evento a ser abordado em roda de conversa com especialistas é "Saúde da Mulher – motivos que causam a mortalidade materna e a violência obstétrica". O assunto foi escolhido em função do Dia Internacional de Luta Pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna, celebrados no dia 28 de maio. A data é decorrente da mobilização de mais de duas décadas do movimento pela saúde das mulheres e feministas que decidiram ter um dia de ação mundial para tornar visível um fenômeno - a mortalidade materna - considerado banal nas sociedades em que a cultura naturaliza a entrega da vida das mulheres em nome da maternidade.

Para debater o tema, participam da roda de conversa a defensora pública do Estado de Goiás e coordenadora do Núcleo Especializado de Defesa e Promoção dos Direitos da Mulher (NUDEM), médica Gabriela Hamdan; a advogada, secretária-geral da Comissão Especial de Valorização da mulher da OAB-GO e diretora estratégica do coletivo nacional de advogadas Nascer Direito, Valéria Mori; procuradora do Estado de Goiás, membro do Conselho Estadual da Mulher e uma das idealizadoras da campanha Menos Rótulos Mais Respeito, Carla Von Bentzen.

O evento faz parte da campanha em defesa e valorização da mulher criada em 2017 pelo vereador Andrey Azeredo enquanto estava presidente da Câmara Municipal de Goiânia. Atualmente, a campanha conta com várias parcerias com o objetivo de amparar e orientar vítimas de violência e direcionar mulheres para melhoria da qualidade de vida pós agressão.

Além disso, o objetivo principal é esclarecer os vários tipos de violência e, assim, prevenir que a agressão seja cometida. “Eu fiquei assustado quando vi dados de pesquisas e várias reportagens que apontam que a violência obstétrica é muito comum e naturalizada. Vi a quantidade de mulheres que não queriam cesária e acabaram fazendo por falta de orientação ou indução do médico sem a menor necessidade. Sem contar os cortes nos órgãos genitais e a indução de partos desnecessários com uso de ocitocina sintética que pode trazer efeitos colaterais para a mãe e o bebê”, observa o vereador.

Números

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que, no máximo,15% dos nascimentos sejam realizados por cesárea. No Brasil, o porcentual cresce ano após ano e hoje fica perto de 55%, a maior taxa no mundo. Entre os Estados com maiores percentuais estão Goiás (67%), Espírito Santo (67%) e Rondônia (66%). Segundo estudos, grande parte das cesarianas é realizada de forma eletiva, sem fatores de risco que justifiquem a cirurgia, e antes da mulher entrar em trabalho de parto.

Em 2014, a OMS reconheceu que a violência obstétrica é uma questão de saúde pública, conforme as pesquisas acadêmicas desenvolvidas nos últimos anos, e publicou um documento condenando práticas que desrespeitem a mulher.

Enquanto em nível mundial a violência obstétrica é reconhecida como um problema que precisa ser superado, no Brasil o Ministério da Saúde divulgou um comunicado se posicionando contra o uso do termo no início deste mês. O ideal seria ser contra este tipo de violência e não contra um termo apenas.

São parceiros neste evento a Defensoria Pública do Estado de Goiás, a Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, o grupo Mulheres do Brasil Núcleo Goiás, o projeto Semeando a Paz, o Núcleo Especializado de Defesa e Promoção dos Direitos da Mulher (NUDEM) e a Universidade Salgado de Oliveira.

 (Texto da Assessoria de Comunicação do vereador Andrey Azeredo)