No Dia Internacional da Reciclagem, Câmara promove audiência pública para debater o tema
Hoje é comemorado no mundo todo o Dia Internacional da Reciclagem. Para lembrar a data e provocar a discussão pública sobre este assunto, o vereador Gustavo Cruvinel (PV) realizou uma audiência pública em que participaram representantes de órgãos da Prefeitura – Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) e Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) – e cooperativas de reciclagem, entre elas Beija-Flor, Seleta, Cooprec, Crescer, Cooper-Rama e A Ambiental.
Goiânia ocupa o sétimo lugar no ranking da coleta seletiva no país, mas não consegue levar para reciclagem nem 5% do lixo produzido, enquanto poderia aproveitar pelo menos 30%. Gustavo Cruvinel afirmou que a quantidade coletada é ainda muito pequena. Afirmou ainda que têm projetos visando o aumento da coleta de resíduos sólidos recicláveis, como o recolhimento semanal de materiais nas salas da Câmara Municipal e outro de âmbito municipal visando recolher chapas de exames médicos para reciclagem em hospitais. “Elas têm valor, podendo ser reaproveitados o plástico e o metal da composição”, disse ele.
No Brasil, apenas 20% das cidades têm algum programa de coleta seletiva, enquanto que, em Goiás, 30% dos municípios fazem alguma iniciativa de recolhimento de materiais recicláveis. Goiânia iniciou seu programa em 2008, mas até o momento não conseguiu cumprir a meta do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que previa o aproveitamento de pelo menos 13% do total do lixo recolhido. “Nossos índices municipais estão ainda abaixo da expectativa”, disse Eraldo Henriques de Carvalho, coordenador do Núcleo de Resíduos Sólidos e Líquidos da Escola de Engenharia Civil da UFG. Ele defendeu uma melhor educação da população para instruir sobre a separação dos materiais destinados à reciclagem, de forma a evitar a grande quantidade de rejeitos encontrados nas coletas. Defendeu também a taxação dos grandes produtores de rejeitos como forma de diminuir o lixo encaminhado para o aterro e estimular a reciclagem.
Falta de material, estrutura e reconhecimento como profissionais. Isso define os problemas vividos pelas cooperativas de catadores de lixo, segundo Dulce Helena do Vale, presidente da Central das Cooperativas dos Catadores de Materiais Recicláveis 'Unidos Somos Mais Fortes’ (Rede Uniforte). Para ela, o mercado está descobrindo que existe uma “mina de ouro” a ser explorada com a reciclagem e que o Poder Público está cada vez menos priorizado o trabalho de quem recolhe o lixo nas ruas. “O catador está sendo esquecido, sendo tirado da coleta seletiva."
O gerente de políticas de manejo de resíduos sólidos da Amma, Wellington Heberling de Oliveira, reconheceu que o órgão errou na elaboração do “Programa Goiânia Coleta Seletiva” ao focar no recolhimento de materiais por caminhões da Prefeitura em detrimento de valorizar o trabalho das cooperativas. As trocas constantes de comando da agência também dificultaram o contato permanente com elas, segundo ele. “Hoje estamos tentando dialogar melhor com as cooperativas, buscando maior transparência em parceria com o Ministério Público para que as ações tenham planejamento, execução e continuidade.”
O recolhimento dos materiais separados e deixados nas portas de casa pela população é de responsabilidade da Comurg. Mário José de Oliveira, representante do órgão, disse que a crise financeira que a Prefeitura vem enfrentando está interferindo no trabalho da coleta, dificultando o aumento da porcentagem de materiais reaproveitáveis que são recolhidos. Apesar dos problemas, anunciou que em até 30 dias a empresa que fornece os caminhões colocará em circulação 16 veículos novos e próprios para o trabalho. “Entendemos que é muito difícil fazer a coleta seletiva em caminhões que não sejam adequados. A vinda de novos vai melhorar o serviço”, afirmou.
A Sociedade Resíduo Zero (SRZero) desenvolve projetos de educação ambiental visando diminuir o volume de lixo encaminhado ao aterro sanitário. Uma das ações realizadas por ela foi a parceria com a Prefeitura para a instalação de 128 Pontos de Entrega Voluntária (PEV) em toda a cidade. Nesses PEVs, a população pode deixar o lixo aproveitável que separar em casa. O presidente da SRZero, Diógenes Aires de Melo, criticou a retirada de muitos dos pontos sob a justificativa de que eram feios, mal localizados e estão constantemente sujeitos a vândalos. “Os PEVs têm que voltar porque ele dá visibilidade ao programa da Prefeitura e, ao mesmo tempo, dá uma alternativa para a população descartar os materiais recicláveis”. Ele acredita que os PEVs ajudam a diminuir o custo da tonelada recolhida, pois manter apenas os caminhões torna o programa de coleta seletiva caro para a Prefeitura.