Audiência pública debate política de planejamento familiar em Goiânia
A política de planejamento familiar em Goiânia foi tema de audiência pública, na tarde desta quarta-feira (28), no Plenário da Câmara. No início do debate, o vereador Raphael da Saúde (DC) – propositor da reunião – relatou reclamações que escuta de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) sobre demora da fila para realização de vasectomia e laqueadura, além da longa espera para tratamento de pessoas com dificuldade para ter filho. “Sou farmacêutico da Secretaria Municipal de Saúde e sempre andei pelas unidades, ouvindo as pessoas”, declarou.
Após acompanhar a situação do Centro Integrado de Atenção Médico Sanitária (Ciams) do Novo Horizonte, único local onde se realiza vasectomia pela Saúde do município, o vereador propôs a audiência para ouvir profissionais que atuam na área. A coordenadora geral da unidade, Marilúcia Dantas de Moura, contou que a fila para o procedimento é extensa, com pessoas aguardando há cinco anos. “A fila já era grande antes da pandemia. Depois dela, triplicou de tamanho porque o procedimento ficou suspenso por um tempo.”
Silvia Rosa de Souza Toledo, enfermeira técnica de Atenção aos Ciclos de Vida da Secretaria Municipal de Saúde, afirmou que a política de planejamento familiar integra a atenção primária há muito tempo. De acordo com a técnica, todas as unidades de saúde básica têm capacidade de promover consultas, orientações e ações educativas.
A gerente de atenção especializada da Secretaria Estadual de Saúde, Camila da Cruz Brum e Alencar, explicou que a Saúde do estado atua junto com o município de Goiânia e com demais cidades do interior na atenção primária voltada ao planejamento familiar, oferecendo não apenas orientações, mas também medicações e colocação de DIU. Segundo Camila, a fila de espera para vasectomia e laqueadura é menor no interior do estado, uma vez que a capital conta com sistema de regulação próprio e esses procedimentos estão sob responsabilidade do município.
Amanda Caroline da Silva Faria, coordenadora dos Ciclos de Vida da Secretaria Estadual de Saúde, esclareceu que o município de Goiânia não tem pactuação com a regulação estadual. Portanto, o controle da fila para realização de procedimentos não cabe à Saúde do estado. “Oferecemos vasectomia e laqueadura na rede estadual da capital. Os pacientes de Goiânia que chegam até nossos serviços são atendidos, apesar da questão da regulação.”
O ginecologista e obstetra Mario Approbato, chefe do Serviço de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Goiás (UFG), disse que o Centro de Reprodução Humana do HC é um dos três desse tipo existentes no Brasil. O centro atende não só a população de Goiás, mas também de outros estados e até estrangeiros. De acordo com o médico, cerca de 15% dos casais enfrentam dificuldades para engravidar, o que leva à necessidade de tratamento no centro. Ainda segundo Approbato, por meio de programa de extensão, a universidade recebe recursos do Ministério da Educação para viabilizar o tratamento.