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Projeto pretende incluir, no Calendário Oficial do Município, Dia de Combate ao Etarismo

por Patrícia Drummond publicado 31/03/2022 19h10, última modificação 01/04/2022 14h23
Formas de discriminar o outro, com base em estereótipos associados à idade, são discutidas nos Estados Unidos desde a década de 1960
Projeto pretende incluir, no Calendário Oficial do Município, Dia de Combate ao Etarismo

Foto: Alberto Maia

O tema não é propriamente novo, ganha cada vez mais repercussão e, agora, chega à pauta da Câmara de Goiânia, por meio do projeto de lei nº 111/2022, de autoria do vereador Thialu Guiotti (Avante): o parlamentar deseja incluir, no Calendário Oficial do Município, o Dia de Combate ao Etarismo – a ser comemorado, anualmente, em 2 de outubro.

Etarismo é o preconceito contra pessoas idosas. No geral, refere-se à forma de discriminar o outro, com base em estereótipos associados à idade, mas afeta principalmente quem já é mais velho. Também pode ser chamado de "ageísmo", um aportuguesamento de ageism – expressão criada pelo gerontologista Robert Butler, em 1969, para definir uma forma de intolerância à idade, com conotações semelhantes ao racismo e sexismo, direcionada a pessoas idosas. Em 1999, Erdman Palmore ampliou o uso do termo para preconceito ou discriminação contra ou a favor de um grupo etário.

No Brasil, apesar de ser um assunto pouco conhecido, o etarismo costuma ser praticado contra pessoas que ainda nem são consideradas idosas. Segundo relatório publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com mais de 80 mil pessoas de 57 países, 16,8% dos brasileiros acima de 50 anos já se sentiram discriminados por estarem envelhecendo.

Nesse caso, o etarismo pode se manifestar de muitas formas, desde práticas individuais até institucionais; intencionalmente ou de forma sutil, até mesmo por meio de "piadinhas" ou brincadeiras. Por exemplo, quando uma pessoa quer cuidar de um idoso, mesmo que ele não precise de determinados cuidados. Ou quando exigem que mulheres mais velhas tenham mais autocuidado com beleza e estética, e se prendam a determinados padrões. Ou ainda no mercado de trabalho, privilegiando contratações em certas faixas etárias, induzindo aposentadorias e desqualificando o profissional mais velho.

Conscientização e debate

“Entendemos que a inclusão, no Calendário Oficial do Município de Goiânia, de um dia de combate ao preconceito etário, apresenta-se como importante iniciativa. Com a instituição da data, a intenção é estimular conscientização sobre o tema, fomentar debate e buscar possíveis soluções para enfrentar problemas existentes, hoje, em nossa sociedade, relacionados ao etarismo”, argumenta o vereador Thialu Guiotti.

De acordo com ele, no Dia Municipal de Combate ao Etarismo, poderão ser realizadas, na capital, diferentes atividades educativas visando ao combate de preconceito por idade, bem como ações que possam “sensibilizar e mobilizar a sociedade na construção de uma convivência mais justa”. Ao justificar a proposta, o parlamentar cita a pesquisadora Úrsula Karsch, falecida em 2017, professora da PUC São Paulo por 50 anos, estudiosa pioneira no campo do envelhecimento. “No Brasil, a velhice é sinal de decadência e incapacidade. Pessoas com mais idade sofrem preconceito e são desrespeitadas cotidianamente”, comenta.

“Vale lembrar que o Brasil é um país em plena transição demográfica. Se, na década de 1970, éramos conhecidos como um país jovem, tal adjetivo já não corresponde mais à nossa realidade. Segundo dados do IBGE, o número de pessoas com mais de 60 anos já ultrapassou o de crianças com até 9 anos de idade”, acrescenta Thialu. “A expectativa de estudiosos é de que, até 2060, o número de pessoas com mais de 65 anos chegue a 58,2 milhões, o que equivale a 25,5% da população, enquanto a população na faixa etária até 14 anos, que hoje representa 21% do total, caia para 15%”, conclui.