Responsáveis técnicos por BRT respondem reclamações sobre obra no Setor Alto do Vale
A Comissão Especial que investiga as obras do BRT recebeu três convidados: Paulo Eron, diretor executivo da obra; Leandro Wasfi, gestor de contratos do consórcio BRT-Goiânia; e o engenheiro Mauro Lessa, gerente de desenvolvimento operacional da Saneago. Eles deram mais esclarecimentos sobre os custos e a execução da obra, além de tirar dúvidas sobre as obras que estão sendo feitas no Setor Alto do Vale.
Os moradores de lá reclamam que estão tendo prejuízos com o fechamento de alguns cruzamentos da Avenida Lúcio Rebelo, especialmente o da Rua RB-3. O engenheiro da Saneago explicou que foi preciso fazer a pista exclusiva em piso elevado devido à profundidade rasa de uma adutora que leva água para mais de um milhão de habitantes na capital. Devido às proporções do material – feito de ferro e com mais de um metro de diâmetro – Mauro Lessa disse ser inviável mexer na adutora pois causaria muitos transtornos à boa parte da população da cidade, que teria de enfrentar faltas d’água de grandes proporções até que a mudança fosse feita.
Inconformado com a resposta, o senhor Pedro, que é representante dos moradores, reivindicou que liberem o cruzamento porque ele e outros comerciantes estão tendo prejuízos em seus estabelecimentos. “Já que tinha instalada essa adutora importante para os moradores de Goiânia, como foi liberado passar uma outra obra tão importante em cima dela? Se acontecer algum problema com a adutora, mais de 50% da população vai ficar sem água e o usuário do transporte vai sofrer com transtornos”, disse. Ele afirmou também que os moradores irão buscar a justiça se os engenheiros mantiverem a posição de que não é possível mudar a adutora de local.
Em outros trechos em situação semelhante, mas com adutoras menores, o engenheiro afirmou que o remanejamento está sendo feito. Alysson Lima (PRB), vereador que preside a comissão, questionou se existe problema semelhante no trecho sul da obra, o gestor de contratos da obra garantiu que não, mas destacou a necessidade de remanejar um adutora com metade do diâmetro da do Setor Alto do Vale que fica no cruzamento da Rua 90 com a Avenida 136, no Setor Sul, devido à construção de uma trincheira.
Leandro Wasfi esclareceu também que, o que foi dito pelo representante da Oi na reunião do dia 25 de abril, quando afirmou que a empresa não foi procurada durante a elaboração do projeto, não é verdade e que é irreal o valor de R$ 10 milhões que a empresa estima com as mudanças na estrutura de cabos ao longo do trajeto. Disse também que os custos são de responsabilidade da empresa. Quanto a execução do projeto junto com a Celg e a Saneago, tudo corre sem problemas.
Já o diretor executivo do BRT, Paulo Eron, foi perguntado pelo presidente da comissão do porquê de a obra, que deveria estar sendo concluída hoje, como previa o projeto iniciado há dois anos, ter ficado tanto tempo parada, com nova previsão para abril de 2019. O convidado respondeu que foi devido a “vários fatores”, entre eles problemas de disponibilidade financeira do município. “A previsão orçamentária não se confunde com a disponibilidade em caixa, essa Casa bem conhece isso”. A obra teve que ser iniciada, mesmo sem ter todo o dinheiro, porque ela envolve recursos federais que, sem o início das obras, poderiam ser perdidos. “A administração estabeleceu uma meta do que ela poderia investir nessa obra e essa meta não correspondeu ao cronograma físico financeiro, aliado a isso também não vieram os recursos esperados do Orçamento Geral da União pelo PAC – Programa de Aceleração do Crescimento”. Ele ressaltou que o Tribunal de Contas dos Municípios atestou em abril que o atraso foi devido a “fatos da administração”, não ligados a problemas de engenharia da obra.