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Segunda audiência sobre novo PD discute mobilidade e adensamento

por Quezia de Alcântara publicado 18/08/2020 18h55, última modificação 19/08/2020 10h35

Sob a liderança do vereador Weligton Peixoto (DEM), e com a participação presencial dos colegas Andrey Azeredo (MDB), Paulo Magalhães (DEM) e Cabo Senna (Patriota) e virtualmente pela vereadora Cristina Lopes (PL) foi realizada a segunda audiência em acordo com o Ministério Público de Goiás sobre o novo Plano Diretor para a cidade.

Foram ouvidos representantes dos setores Jaó, Marista e Sul sobre os impactos do adensamento na mobilidade urbana nesses bairros, que já sofrem com problemas de trânsito caótico e cuja vocação é serem bairros compactos, sem verticalização e segundo os moradores não têm condições para mais ocupação com habitações coletivas verticais.

“Queremos qualidade de vida e manter o Setor Marista como um bairro que vai atender a todos os goianienses e não somente quem mora lá, pois é um bairro boêmio, de lazer, tem um charme e precisa ter valorizada a cultura, a música, os barzinhos, os restaurantes e a prática de esportes, além da Alameda Ricardo Paranhos que é o lugar de respiro”, falou a moradora e engenheira civil, Bianca Brasil.

A opinião da moradora foi corroborada pelo vereador Paulo Magalhães, que defendeu o não adensamento do setor Marista, já que abriga nascente de rio no Parque Areião, que precisa ser preservada.

O vereador Andrey Azeredo adiantou que existem exemplos de adensamento em outras cidades como Nova York e São Paulo próximo aos parques, democratizando o uso do espaço público e destinando locais não somente para pessoas mais abastadas e sim, para todos. “Um bairro não pode se tornar um gueto e privilegiar um segmento que tem um poder financeiro maior. A permissão de verticalização no Parque Ibirapuera, em São Paulo seguindo o modelo do Central Park em Nova York trouxe benefícios para toda a cidade”, acrescentou.

Já a moradora do setor Sul, Maristela Paula, posicionou-se contrária a qualquer tipo de adensamento no bairro. “O setor Sul já está pronto, é um bairro antigo, os moradores são idosos e estou aqui dando voz a eles”, explicou adicionando que “esses moradores estão nas pracinhas que foram esquecidas pelo poder público e que eles mesmos revitalizaram”. Ela solicitou acesso e transparência a mapas e descrições das áreas adensáveis na nova proposta.

Weligton informou que o site da Câmara disponibiliza todos os documentos sobre o trâmite da matéria na Casa, inclusive as 32 emendas apresentadas e que ainda serão discutidas e votadas na Comissão Mista e depois em plenário pelos 35 vereadores. Além do texto original enviado pela Prefeitura, pode-se acessar atas das reuniões, oficinas técnicas, audiências e o parecer do ITCO.

Outro morador, Paulo Baiochi, que vive no setor Sul desde 1966, destacou os problemas de redução nas ruas laterais da obra do Eixo do BRT no trecho da avenida 90 até a 136, em que passa apenas um veículo por vez e como não terá condição de ter prédios ali, apesar de ser eixo do transporte.

Pelo setor Jaó, falou a presidente do Conselho de Segurança do bairro, Adriana Dourado, que apresentou requerimento em que solicita emenda para que a altura máxima das edificações no bairro seja de 9 metros, como é atualmente e não 11 metros como prevê o novo PD. Pediu ainda que mantenha a fração ideal como limitador do número de apartamentos por lote ou seja, uma quota para as unidades habitacionais independentemente do terreno, conforme o novo texto, e não mais, o índice de aproveitamento do terreno conforme é hoje.

MOBILIDADE

O advogado Tomaz Aquino levantou a questão da mobilidade e como está ligada ao adensamento na cidade. “O Plano Diretor vai resolver a questão do trânsito de Goiânia que já existe? O Plano de Mobilidade é adequado para os novos adensamentos?”, questionou.

A coordenadora da Secretaria Municipal de Planejamento, Germana Arantes, que participou do grupo que elaborou o projeto do novo PD, esclareceu que todos os locais em que o adensamento será possível foram determinados seguindo a hierarquia das vias do transporte público. “O adensamento ocorrerá de forma linear e não mais em polos, e terá suporte dos eixos dos corredores estruturadores, tendo verticalização em suas duas faixas laterais até 350 metros, ou seja, o adensamento está conectado com a mobilidade”.

Já, Fernanda Mendonça, técnica do Instituto Tecnológico Centro-Oeste (ITCO) que presta consultoria técnica para os vereadores, adiantou que o Plano Diretor traça diretrizes para a mobilidade, mas que será preciso aprovar um Plano específico para esta área. O ITCO orientou aos vereadores que incluam emenda obrigando a realização do Plano de Mobilidade que abrangerá todos os modais, desde o pedestre, as calçadas, os carros e o transporte público. “Também é preciso que esse plano seja feito com os municípios que estão interligados na região metropolitana”, sugeriu.

AUDIÊNCIAS FUTURAS

O vereador Weligton, ao final da reunião híbrida – com alguns participantes presenciais – e grande parte, de forma virtual – convocou os interessados para a terceira audiência, que ocorrerá amanhã, quarta-feira, às 15 horas, e tratará do tema Desenvolvimento Econômico e Ordenamento Territorial.

Apesar da Mesa Diretora ter recebido recomendação do Ministério Público de Goiás para suspender, novamente, as audiências, o vereador Romário Policarpo, presidente da Casa, esteve no plenário para informar que as reuniões continuarão ate sexta-feira, pois estão tendo participação e sendo produtivas.