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Torcidas únicas nos clássicos goianos foram pauta de debate na Câmara

por Patrícia Drummond publicado 26/11/2018 17h35, última modificação 27/11/2018 15h56
Torcidas únicas nos clássicos goianos foram pauta de debate na Câmara

Foto: Francisco Carvalho

Realizada na tarde desta segunda-feira, 26, na sala de reunião das comissões da Câmara Municipal, uma audiência pública discutiu a eficácia das torcidas únicas nos estádios durante os clássicos do futebol goiano. O debate foi proposto pelo vereador Lucas Kitão(PSL) em virtude dos casos de violência fora das dependências dos estádios. Nesse sentido, clubes e torcidas apontam desrespeito ao consumidor e ineficiência da medida.

Estavam à mesa, além do vereador Kitão, Victor Amado, presidente da Comissão de Direito Desportivo da OAB/GO; coronel Arantes, do Batalhão de Eventos da Polícia Militar; Welington Paranhos, comandante operacional da Guarda Civil Metropolitana; Ronei Ferreira de Freitas, representante da Federação Goiana de Futebol (FGF); Cleomar Marques, da Associação Nacional de Torcidas Organizadas (Anatorg); Nicolas Dias, representando o Atlético Clube Goianiense; Marçal Filho, do Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de Goiás (Sinapego); e representantes das torcidas organizadas Raça Rubro Negra e Força Jovem.

O debate sobre a torcida única surgiu como uma forma de tentar evitar a violência entre torcedores nos estádios, principalmente nos embates entre Vila Nova e Goiás. A medida, porém, não se mostrou tão efetiva nos arredores do mesmo, aumentando o número de casos fatais em dias de jogos. O representante do batalhão de eventos da Polícia Militar, coronel Arantes, defendeu a medida, utilizando o exemplo do Estado de São Paulo, onde a determinação reduziu em 75% os casos de violência, aumentando também os públicos nas disputas.

Arantes relatou que o efetivo empregado durante as partidas é similar ao efetivo empregado em todo o restante da cidade e afirmou que a PM não possui condições para realizar a segurança em clássicos. Para o coronel, as soluções passam pelo emprego de tecnologias para investigações e uma ação efetiva do Poder Judiciário, uma vez que o principal problema está relacionado à questão da impunidade, não somente em casos fatais, mas em pequenos delitos, como agressões.

Ação conjunta

Victor Amado, presidente da Comissão de Direito Desportivo da OAB/GO, defendeu as torcidas mistas, além de uma melhoria da condição das praças esportivas do Estado, dando mais conforto para o torcedor. Para tentar solucionar os casos de brigas de torcida, Victor relembrou dos Hooligans ingleses da década de 1980. Na situação em questão, foi empregado o uso de câmeras de monitoramento, cadastro dos torcedores, ingressos com identificação, dentre outras medidas. O representante da OAB/GO também deixou claro a necessidade de uma ação em conjunto. “A solução é cada um reconhecer a sua parcela de culpa e trabalharmos juntos”, defendeu o membro da Comissão de Direito Desportivo da OAB/GO.

Assim como Victor Amado, Ronei Freitas, da FGF, também defendeu o emprego de aparelhos de reconhecimento facial, câmeras nas entradas dos estádios, cadastramento dos torcedores e a parceria com os outros setores para tentar solucionar a problemática. Ronei destacou, entretanto, que o processo é caro, sendo necessário a ajuda governamental para o desenvolvimento do projeto.

Já Cleomar Marques, da Anatorg, não poupou críticas à omissão dos clubes, que não enviaram representantes para a audiência. Para ele, que é extremamente contrário às torcida únicas nos clássicos, não se pode esconder os problemas, precisando de uma medida efetiva, , e não paliativa, para solucionar o caso. “Não podemos simplesmente jogar o problema pra debaixo do tapete. O futebol não está acima da lei; a lei está aí para ser cumprida”, afirmou Cleomar.

 

(Por Gabriel Hamon – Estagiário do convênio PUC-Goiás)