Violência contra mulher é tema de audiência pública promovida por Mauro Rubem
Em audiência pública na tarde desta quinta-feira (8), Mauro Rubem (PT) discutiu violência contra a mulher. O vereador recebeu representantes de órgãos e entidades que lidam com o problema no dia a dia. Entre elas, as delegadas Ana Scarpelli e Azuen Magda Albarello.
Ana Scarpelli, titular da 1ª Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM), afirmou que a violência doméstica é “quase impossível de ser medida porque existe subnotificação altíssima”. “A sociedade naturalizou a violência contra a mulher. Muitas ainda não entendem que são vítimas e não há culpa em ser vítima. Assim, mulheres não vão procurar ajuda porque a sociedade estigmatiza o que elas estão passando”, explicou.
A delegada disse ainda que, quando a mulher se sente segura e decide ir à delegacia denunciar, “quase nunca” é a primeira vez que está sofrendo violência. “A subnotificação pode estar caindo porque a mulher, hoje, confia mais, está mais ciente do que ela deve ou não aceitar e mais consciente dos seus direitos e do que a lei a proporciona de proteção.”
Sobre a reforma da delegacia, localizada na Rua 24, no Centro, Ana afirmou que foi iniciada há um mês e tem prazo de conclusão previsto para até fim de abril do ano que vem. “Precisamos de ambiente minimamente adequado para atender a mulheres, onde o agressor fica separado da vítima, crianças ficam seguras na brinquedoteca e que haja espaços para atendimento individualizado, porque a mulher não pode ficar exposta em ambiente com mais pessoas”, explicou a delegada. Provisoriamente, a 1ª DEAM funciona na Central de Flagrantes, no Setor Cidade Jardim.
Já Azuen Magda Albarello, titular da 2ª DEAM, localizada no Jardim Curitiba II, complementou a fala da colega, lembrando que mulheres precisam estar conscientes de que não são propriedades de seus companheiros. “Nenhum homem tem direito de julgar, xingar, ameaçar, de controlar a vida de uma mulher que escolheu seguir em frente.”
Ela acrescentou que é preciso investir em ações afirmativas voltadas para mulheres. “Não adianta mais apenas endurecer repressão contra agressores por meio de leis, precisamos de políticas públicas. A mulher continua sendo vítima porque, muitas vezes, não tem condições de morar em outro local nem de se manter.”
Representando a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a diretora do Núcleo de Atenção Primária, Acácia Cristina Marcondes, falou sobre a importância da atuação de agentes comunitários de saúde, ligados às Unidades de Saúde da Família, no processo de identificação de casos de violência doméstica. “Muitas vezes, é o agente comunitário que consegue enxergar o que está ocorrendo dentro de uma casa onde há violência contra a mulher, já que ele acaba se tornando amigo da vítima e ouvindo os primeiros relatos. Nesse caso, a denúncia por parte do agente é compulsória e há situações em que precisamos proteger o profissional, quando o agressor descobre que ele [agente comunitário] sabe dos fatos.”